EnglishEspañolPortuguês

LIVRE DE CRUELDADE

Foie gras é cultivado em laboratório por empresa francesa

20 de julho de 2021
Beatriz Paoletti | Redação ANDA
3 min. de leitura
A-
A+
Foto: Reprodução | Foodtech Gourmet

A foodtech Gourmey vem produzindo foie gras em laboratório. De acordo com uma reportagem na Bloomberg, os resultados são promissores já que o sabor da versão cultivada é tão saboroso quanto a de origem animal, apresentando coloração rosada, crosta caramelizada, macia e delicada, além de possuir sabor e cheiro característicos de um foie gras de alta qualidade.

A startup francesa tem o objetivo de trazer de volta o foie gras aos restaurantes já que nos últimos anos o prato está sendo proibido em muitos países “O foie gras está passando por uma crise existencial”, diz Nicolas Morin-Forest, co-fundador da foodtech. “Nós desembaraçaremos o produto da polêmica.”

O prato francês é reconhecido no mundo e originalmente feito de fígado que é engordado de patos, marrecos e gansos. Devido ao método violento para se atingir o fígado agigantado das aves, incluindo confinamento e alimentação a força, ativistas defensores dos animais condenaram a comercialização e consumo do foie gras, o que gerou pressão e eventualmente, proibições.

Em Nova York, a proibição está sendo considerada seguindo os passos do estado da Califórnia onde a iguaria já não é mais permitida. O Reino Unido pensa em acabar com a importação do alimento e até na França existe a discussão de a proibir. Segundo levantamento da organização YouGov, 75% da população francesa preferiria consumir o foie gras cultivado em laboratório do que o original.

A fabricação do foie gras da Gourmey é originária de células-tronco de patos extraídos de um único ovo fertilizado e, em seguida, é cultivado em laboratório. A células-tronco são células pluripotentes que se transformam em qualquer uma a partir de estímulos específicos.

Foto: Ilustração | Pixabay

A empresa quer tornar o foie gras cultivado mais acessível diminuindo custos de produção, para assim elevar a competitividade. “Estamos na faixa de três dígitos por quilograma e precisamos ir para a faixa de dois dígitos. Estamos a caminho de reduzir o custo de produção em 40 vezes nos próximos meses”, fala Morin-Forest, em entrevista a Bloomberg.

Gourmey almeja que o consumo da carne feita em laboratório esteja presente em restaurantes, e até mesmo que esta seja a única opção. “Queremos realmente incluir a carne cultivada em nossa gastronomia e acreditamos que a adoção do chef será essencialmente o melhor rótulo para produtos de carne cultivada. A ambição é que em muitos lugares o foie gras cultivado não seja somente a melhor opção, mas seja a única opção”, contou Morin-Forest.

A empresa francesa recebeu um aporte de US$ 10 milhões de investidores privados como Point Nine e Air Street Capital, além de apoio financeiro público como a Comissão Europeia e o Bpifrance, banco público de fomento francês.

A ambição da foodtech Gourmey também é conseguir atingir um mercado ainda mais amplo a partir da produção de outros produtos desenvolvidos em laboratório, como as versões cultivadas do magret de pato, do peito de peru e do nuggets, já que, para o co-fundador da startup, existe um limite na demanda do mercado por foie gras.

 

Você viu?

Ir para o topo