A história de Flora, uma tigresa que passou anos confinada em condições de superlotação no antigo Zoológico de Luján, tornou-se um símbolo do sofrimento animal e da esperança de uma nova vida.
Após sobreviver a uma provação física e emocional, Flora será transferida para um santuário especializado na Europa, onde receberá os cuidados médicos e o ambiente de que precisa.
O Calvário de Flora
Presa em uma gaiola minúscula, cercada por leões e tigres maiores, Flora vivia sem qualquer possibilidade de se esconder ou escapar. Essa imagem da tigresa encolhida em meio a rugidos e sombras reflete o impacto do cativeiro prolongado.
Seu corpo também contava a história:
- Crescimento retardado: “Ela é muito pequena, parece um tigre bonsai”, explicou Luciana D’Abramo, diretora global da Four Paws International, em conversa com a People.
- Problemas de mobilidade: por não andar o suficiente, ela desenvolveu garras encravadas que se incorporaram ao osso.
- Dor constante: ela mal conseguia ficar de pé e sofria de graves problemas dentários.
Intervenções médicas urgentes
Flora foi uma das primeiras tigresas tratadas pela equipe da Four Paws. O veterinário Amir Khalil, líder da missão de emergência em Luján, relatou:
“Essa tigresa sofria de uma condição particularmente dolorosa: uma garra crescia repetidamente para dentro. Removemos os fragmentos da pata infectada e corrigimos cirurgicamente o leito ungueal para permitir o crescimento adequado. Ver como o comportamento dela mudou depois de aliviar essa dor é exatamente o motivo pelo qual fazemos esse trabalho.”
Embora a cirurgia tenha melhorado seu quadro, Flora precisará de operações periódicas a cada seis meses para evitar que as garras encravem novamente. Portanto, ela precisa de um local onde possa ser monitorada de perto.
O futuro de Flora e outros felinos
Flora está na lista dos primeiros animais a deixar Luján, juntamente com os ursos Gordo e Florencia. A transferência está prevista para o final de 2025 ou início de 2026.
O destino mais provável é o santuário Four Paws, na Holanda, embora outros espaços com padrões internacionais de bem-estar animal também estejam sendo considerados.
Na sequência, partirão os 62 grandes felinos que ainda permanecem no local: 32 leões e 30 tigres, vítimas de anos de cativeiro em um zoológico que fechou em 2020 após denúncias de irregularidades e falta de cuidados.
Uma Missão Global
O objetivo é claro: todos os felinos serão realocados. Alguns irão para santuários da própria Four Paws, como o Lionsrock na África do Sul, e outros para centros associados aos mesmos padrões de proteção.
Para alcançar esse objetivo, 15 especialistas trabalham globalmente em logística, procedimentos legais e coordenação internacional.
Em julho de 2025, a Four Paws assinou um acordo abrangente com as autoridades argentinas para buscar soluções conjuntas em relação aos grandes felinos exóticos em cativeiro. O objetivo é alterar a legislação, aprimorar os controles e garantir que esta seja a última geração de animais a sofrer em condições de exploração.
A história de Flora nos lembra do impacto do cativeiro sobre os animais selvagens e da importância da ação internacional para garantir seu bem-estar. Sua transferência para um santuário marcará o início de um novo capítulo, não apenas para ela, mas para todos os grandes felinos do antigo Zoológico de Luján.
Fonte: Noticias Ambientales