De uma hora para outra Yuri parou de andar. A secretária Vera Lucia Luquetti ficou desesperada com o sofrimento do seu shitzu. Há quase quatro meses, o cão de 3 anos parou de andar por conta de uma hérnia de disco. Depois de 10 dias de tratamento com remédios sem nenhuma melhora, a indicação foi a fisioterapia.
Para surpresa de Luquetti e da veterinária que cuida de Yuri, o cão voltou a andar na quinta sessão do tratamento. “Fiquei muito feliz quando o vi andando. Há algum tempo, eu nem conhecia fisioterapia para cães”, disse.
O tratamento fisioterapêutico em animais é novo no Brasil, foi regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária em 2006. De acordo com a médica veterinária Karine Pacheco, apesar dos excelentes resultados, ainda há muitos profissionais que não acreditam nos resultados da fisioterapia em animais.
Segundo Karine, a fisioterapia é indicada para o tratamento de diversas doenças como problemas ortopédicos, neurológicos, musculares, problemas nas articulações, hérnia de disco, artroses, paralisias, sequelas neuromotoras de cinomose (doença infectocontagiosa que afeta os cães) e luxações.
A fisioterapia também é utilizada com sucesso nos tratamentos pré e pós-operatórios ortopédicos, para alívio da dor, aumento de força e resistência, aumento da coordenação motora e da amplitude dos movimentos articulares e outros problemas. “O tratamento pode ajudar em quase todos os problemas neuromotores e físicos do animal e, ainda, colabora para que ele fique bem relaxado”, afirmou a veterinária.
Karine explica que a fisioterapia pode ser feita em cães, gatos e até mesmo em animais exóticos e selvagens. O tratamento é feito com a ajuda de vários aparelhos como os que utilizam raios laser e infravermelhos, ultrassom, esteira aquática e outros que ajudam na reabilitação do animal.
A fisioterapia também pode ser feita na água com hidroterapia e banhos terapêuticos. “A indicação dos exercícios é estabelecida para cada paciente mediante avaliação da patologia”, disse Karine.
Algumas raças podem ter lesão na coluna
De acordo com a médica veterinária Karine Pacheco, alguns animais possuem maior predisposição para terem lesões na coluna e por conta disso podem precisar de fisioterapia. “A raça com maior predisposição, por conta de sua anatomia, é o teckel (conhecido também como salsichinha)”, afirmou.
A teckel Cigana, de 5 anos, parou de andar em abril e mesmo com o tratamento ainda não conseguiu recuperar o movimento. “O caso dela está mais difícil porque, juntamente com a paralisia, ela teve infecção renal. Agora que melhorou da infecção estamos apostando que ela vai responder melhor ao tratamento”, disse a dona de casa Vânia Borges, dona de Cigana.
Vânia conta que, há 8 anos, perdeu uma cadela da mesma raça por conta desse problema. “Como na época ninguém falava em fisioterapia para cães, todo o tratamento foi feito com remédios que atacaram o fígado da minha cachorrinha, que não resistiu e morreu”, disse Vânia.
Felícia, outra teckel de Vânia também já deixou de andar, mas recuperou os movimentos com cinco dias de fisioterapia e hoje caminha normalmente. Por conta do sucesso obtido com Felícia, a dona de casa está otimista de que a cadela Cigana volte a andar. “Atualmente ela faz acupuntura e fisioterapia com infravermelho”, disse.
Segundo a veterinária, a cura completa, dependendo da patologia, não é possível, mas o índice de reabilitação é altíssimo. “Muitos animais chegam ao serviço de fisioterapia sem conseguir andar, seja por problemas de coluna, ligamentos, displasia, sequelas neurológicas de cinomose ou traumatismos, e com o uso dos recursos fisioterápicos conseguem retomar as suas atividades normais”, disse Karine Pacheco.
A veterinária ressalta a importância em começar o tratamento o mais rápido possível. “Quanto mais cedo se inicia a fisioterapia, mais rápida é a recuperação do animal. É preciso que todos os proprietários de animais tenham consciência de que o sacrifício não é a melhor nem a única opção para o animal que deixou de andar, que sente dor, que perdeu alguma função física ou tem/teve cinomose. Sempre há caminhos a serem usados para aumentar o bem-estar do animal e para buscar a cura. A fisioterapia está aí para ajudar nisso”, afirmou a veterinária.
Fonte: Correio de Uberlândia