Roberto Cabral Borges atua há anos na fiscalização do Ibama e sempre teve suas atividades reconhecidas em defesa dos animais, dentro e fora do órgão. Por duas vezes, foi coordenador de operações e também conduziu, no Brasil, os resgates de animais explorados em circos, mas sua dedicação não evitou que ele fosse afastado das atividades de fiscalização quando multou por maus-tratos o Bioparque do Rio e investigava o caso da importação de 18 girafas. Foi afastado para atividades burocráticas.
Por que deste afastamento? O que há para se esconder na importação de 18 girafas para o Brasil? Qual a preocupação do Bioparque e, agora, melhor ainda, qual a preocupação do Ibama?
As 18 girafas chegaram em novembro de 2021, mas já em dezembro, três morreram. As 15 que sobraram continuam presas em cerca de 30 metros quadrados para três animais. Elas foram capturadas na savana na África do Sul e vendidas para o zoológico. Mais especificamente para o Bioparque do Rio de Janeiro. Vários zoológicos hoje argumentam que auxiliam na conservação e que não pegam mais animais na natureza. O Bioparque do Rio nos apresentou a realidade: pegaram 18 girafas da savana africana para prendê-las por todo o resto de suas vidas.
Olhem o absurdo: 18 girafas foram capturadas no ambiente natural na África e mandadas para o Brasil para servirem para atrair visitantes no zoológico. Mal chegaram ao Brasil já deixaram três morrerem e até agora não se explicou direito como.
Além desta questão, no mínimo questionável, ainda tem os maus-tratos das que ainda estão vivas. Pelos maus-tratos, pessoas do Bioparque foram presas pela Polícia Federal e o Ibama multou o zoológico. Mas e a morte das três girafas? E a situação das 15 que sobreviveram? E os problemas da importação mostrados pelo documento do fiscal? Tudo isto ainda estava sob investigação. Mas agora o fiscal que conduzia o caso foi afastado.
O zoológico mostrou sua cara: não se importa em tirar animais da natureza, o que importa é exibi-los. Mas o Ibama também mostrou, preferiu afastar o fiscal. Ainda fica a pergunta? Por quê? O que querem esconder sobre as 18 girafas?