Dois filhotes de bicho-preguiça da espécie Choloepus sp. foram resgatados por biólogos em Vitória do Xingu, sudoeste do Pará. Os animais viviam em uma área de floresta que foi desmatada para a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, e foram levados para o Centro de Estudos Ambientais (CEA) mantido pela Norte Energia, empresa responsável pelo empreendimento.
As preguiças pesam 1,5 kg e medem aproximadamente 30 centímetros. Segundo os veterinários do centro, os animais tem aproximadamente cinco meses de vida. Eles devem receber cuidados até que atinjam a idade adulta. Os animais acabaram de largar a mamadeira e já são alimentados com frutas. A estimativa dos biólogos é que as preguiças possam ser devolvidos à natureza em seis meses, caso consigam se readaptar ao seu habitat.
Além dos bichos-preguiça, a maternidade do CEA também abriga um veado, um catitu e um macaco guariba. Segundo a Norte Energia, o local funciona desde 2011 e já resgatou aproximadamente 117 mil animais de locais onde ocorrem obras da hidrelétrica. A maioria (49%) é de répteis, seguida por anfíbios (43%), mamíferos (8%) e aves (menos de 1%). Do total, cerca de 110 mil bichos foram soltos na natureza. Os demais residem no Centro ou foram doados para instituições de pesquisa.
Fauna rica
Segundo Ulisses Galatti, biólogo do museu paraense Emílio Goeldi que trabalhou no diagnóstico ambiental da região nos anos de 2001 e 2007 para elaborar o relatório de impacto ambiental da construção da usina, a região do Xingu tem uma fauna bastante rica. “São vários grupos grupos de fauna e flora”, disse o biólogo, que acredita que a construção de Belo Monte poderá impactar nas populações animais da área. “Quando construírem o canal que vai desviar o rio para alimentar a usina, toda Volta Grande do Xingu vai sofrer uma redução da vazão de água”, avalia.
Para o especialista, os principais afetados podem ser peixes e quelônios, que vivem exclusivamente na região pedregosa. Ainda assim, o biólogo diz que é possível construir a hidrelétrica sem danos ao ecossistema. “O impacto de Belo Monte não é pela inundação, é pela seca. As áreas que serão alagadas já foram alteradas, são terras de fazendas. Então tudo depende do quanto de água irão deixar passar neste trecho (da Volta Grande do Xingu). Se permitirem passar um nível mínimo que consiga manter o ambiente do pedral, que é o mais crítico desta obra toda, o impacto ambiental vai ser drasticamente diminuído, sendo até pequeno em comparação a outras hidrelétricas como Balbina e Tucuruí. Mas se fizerem isso acredito que não irão gerar muita energia”, conclui.
Segundo a Norte Energia, a área da Volta Grande do Xingu terá uma redução na vazão, mas não haverá seca. Ainda segundo a norte, 45% do reservatório de Belo Monte é o próprio leito do rio, e a usina gerará mais de 11 mil megawatts de potência.
Fonte: G1