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Filhotes de tartaruga em extinção vão nascer em Pontal do Paraná

17 de janeiro de 2010
3 min. de leitura
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A tartaruga-de-couro, ou tartaruga-gigante, a maior e mais ameaçada espécie de tartaruga marinha, está desovando nas praias de Pontal do Paraná. Já são cinco ninhos encontrados, com 70 a 100 ovos cada um. Os filhotes devem começar a nascer em fevereiro. A temporada reprodutiva é monitorada por equipes da Força Verde e do Laboratório de Ecologia e Conservação do Centro de Estudos do Mar. “O fato é extremamente importante porque a espécie, que costuma desovar no norte do Espírito Santo, está criticamente ameaçada de extinção em todo o mundo. No Brasil, são apenas 20 tartarugas-de-couro desovando em toda a costa”, afirma a bióloga e pesquisadora colaboradora do Laboratório, Liana Rosa.

Em 2007, esta mesma tartaruga desovou no litoral paranaense, mas não houve fecundação dos ovos. Ela tem 1,5 metro de carcaça e estima-se que pese em torno de 250 quilos. “Sabemos que é a mesma tartaruga pelas manchas na cabeça. Acreditamos que ela tenha nascido no Paraná há cerca de 40 anos (tempo para início da reprodução), porque as tartarugas voltam para colocar os ovos onde nasceram. Mas ela também pode ter voltado porque nosso litoral está bem conservado”, explica Liana.

Desde a primeira desova, em 28 de novembro de 2008, foram identificados dois ninhos em Atami, dois em Barrancos e um em Atami Sul. Na madrugada do sábado (16), a tartaruga voltou a Pontal do Sul, mas não conseguiu desovar. “Ela encontrou água onde cavava para formar a cama e colocar os ovos”, explica Liana. Segundo a bióloga, pode ser que a tartaruga volte para mais quatro desovas – esta espécie pode desovar até dez vezes na mesma temporada reprodutiva.

Os biólogos confirmaram a existência de ovos em três ninhos. Nos outros dois, não foi possível verificar. “Não podemos mexer no local porque isso poderia destruir ou modificar a estrutura feita pela tartaruga, que deixa as condições ideais para o nascimento dos filhotes, como a quantidade de oxigênio”, diz Liana. Próximo a um dos ninhos foram encontrados e recolhidos ovos na superfície (conforme protocolo do Projeto Tamar), e identificadas cicatrizes de fecundação.

Monitoramento

O monitoramento é feito diariamente, com apoio da Força Verde. As equipes cercam os locais onde estão os ninhos e colhem informações sobre a distância da maré e a temperatura na areia, que influenciam o desenvolvimento dos filhotes. Para que nasçam machos, a temperatura deve estar abaixo de 27 graus; para fêmeas, acima de 29. A temperatura tem ficado em torno de 28 graus, o que significa nascimento de 50% machos e 50% fêmeas.

“Estamos trabalhando para proteger os ninhos, para não deixar que intervenções da comunidade e de turistas ocorram e prejudiquem o nascimento dos filhotes. Uma equipe da Força Verde visita os locais diversas vezes durante o dia, verifica se houve violação, faz o policiamento e conversa com a comunidade, em um trabalho educativo que mostra a importância do fato e as implicações legais de se interferir em ninhos como estes”, conta o comandante do Posto de Polícia Ambiental de Guaratuba, tenente Álvaro Gruntowski.

Gruntowski destaca o trabalho da Força Verde na preservação da restinga, fundamental para a reprodução de diversos animais. “A restinga é área de preservação permanente pela sua importância e ecossistema frágil, que abriga diversas espécies, como as tartarugas e as corujas. Por isso fiscalizamos construções irregulares junto à restinga e carros estacionados sobre ela, por exemplo”, afirma.

Fonte: Agência Estadual de Notícias

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