Por Patricia Tai (da Redação)
Um urso pardo órfão que foi encontrado quase morto de inanição no inverno passado recebeu a chance de uma nova vida recentemente. Ele foi devolvido à natureza em Golden (British Columbia, Canadá). As informações são da Care2 e do Ottawa Citizen.
O filhote, chamado Tika, foi resgatado por um oficial do Departamento de Vida Selvagem pouco antes do Natal de 2012, quando ele vagava pelas florestas e entrou no jardim de uma residência.
Ele foi transportado de carro em uma viagem de três horas para a Northern Lights Wildlife Society, um centro de reabilitação piloto em parceria com a organização International Fund for Animal Welfare (IFAW) e com os Ministérios de Florestas e Meio Ambiente de British Columbia.
Angelika Langen, que dirige o centro com o seu marido Peter, disse que o filhote de seis meses de idade estava “fraco, magro a ponto de estar com os ossos aparentes, e pesava apenas 15 kg, cerca de um terço do ideal”.
Tika ganhou 72 kg desde que chegou ao abrigo.
“Ao invés de hibernar, ele passou o inverno se alimentando de carne, peixe, frutas, vegetais, dandelions (flores) e seu petisco favorito – uvas”, disse Angelika.
“Ele é um carinha genioso”, continuou Angelika, explicando que ele não teve dificuldade em mandar nos outros ursos.
Ela contou que havia dois ursos irmãos no centro e, apesar dele ser muito menor, ele vivia dizendo aos dois o que fazer e aonde ir. Ela acredita que essa superioridade pode ser atribuída aos apuros que ele passou quando ficou sozinho na floresta.
“Ele é uma gracinha e realmente um bom filhote”, acrescentou Angelika enquanto levava Tika para um local remoto de Golden. “Ele está saudável e impetuoso, e estamos felizes por ele ter se recuperado tão bem”.
Segundo a reportagem, Angelika admitiu ter tido emoções ambíguas ao libertar Tika.
“Fica sempre um pouco de preocupação porque nós não sabemos o que ele irá encontrar lá fora”, comentou a tratadora, que também reconheceu que o animal sequer estaria vivo e tendo esta nova chance se não tivesse sido resgatado e cuidado.
Tika recebeu um colar que será usado para monitorá-lo via satélite pelos próximos 18 meses, e que irá ajudar os pesquisadores a determinar se soltar ursos órfãos na natureza é realmente viável. Os colares, que custam 5 mil dólares cada um, são patrocinados pela IFAW, que também custeia o resgate e boa parte do tratamento dos ursos.
Este é o décimo primeiro urso a ser resgatado, reabilitado e solto pela Northern Lights Wildlife Society como parte de um programa que começou em 2008.
Angelika e Peter trabalharam em zoológicos na Alemanha antes de imigrarem para o Canadá, onde decidiram criar o centro de reabilitação após terem ouvido a respeito de dois alces que foram mortos quando sua mãe foi atropelada por um trem.
Eles adotaram o modelo de um programa similar da Rússia, e outro foi criado recentemente na Índia. Atualmente o centro Northern Lights abriga também alces e raposas, embora a maioria dos residentes sejam ursos.
No que diz respeito à observação dos animais já devolvidos ao meio selvagem, houve problemas com apenas dois colares usados por fêmeas que foram soltas. Um deles apresentou defeito, e o outro foi retirado pelo próprio animal após a hibernação.
De modo geral, a maioria dos dados que retornaram dos outros ursos tem mostrado uma transição bem-sucedida nesta volta à natureza.
Mas Angelika explica que saberá se o programa atual de resgate de ursos foi oficialmente um sucesso quando ao menos uma das fêmeas resgatadas se acasalar. Isso é importante cientificamente, pois significa que ela é capaz de se acasalar com um parceiro selvagem e cuidar de uma prole. Por enquanto, ainda não aconteceu.
“Não há soluções fáceis para isso. É um teste de paciência e nós continuaremos fazendo até termos todos os dados que provem que está funcionando. Nós esperamos que o Governo considere isso como parte normal do seu planejamento quanto aos ursos”, disse Angelika.
Mas Peter e Angelika Langen afirmam que estão felizes por terem dado a Tika uma segunda chance de vida e dizem esperar o melhor para o seu futuro.