Durante 24 horas, o tempo da viagem da comunidade do Caburi (a duas horas de distância do município de Parintins) a Manaus (distante 420 quilômetros do lugar de origem), o pesquisador da Ampa (Associação Amigos do Peixe-boi), Diogo Souza, ficou surpreso com a reação das pessoas na embarcação em que ele transportava um filhote de peixe-boi.
“Várias pessoas me perguntaram se o animal era meu… Tive que explicar que eu estava levando o filhote, com a concessão do Ibama para o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), no qual fazemos o trabalho de reabilitação. Pude tirar várias dúvidas das pessoas sobre o animal. A viagem também serviu para conscientizar aquelas pessoas da importância que esses animais têm para a natureza”, disse. Felizmente, neste caso, o pesquisador da Ampa pode contar ainda com o apoio dos tripulantes do barco “Príncipe do Amazonas” para o transporte.
Com mais este filhote (um macho de dois meses resgatado por um ribeirinho da comunidade do Caburi), já são onze os animais encaminhados ao Parque Aquático Robin C. Best do Inpa só neste ano. “Penso que a explicação para esse crescimento tenha duas hipóteses. A primeira possibilidade é que as pessoas podem estar mais conscientes sobre a preservação do peixe-boi e aí estão trazendo os animais para o Inpa. A segunda teoria é o aumento da caça. Uma vez que as mães são capturadas, o número de filhotes órfãos aumenta”, ressalta a pesquisadora da Ampa/LMA (Laboratório de Mamíferos Aquáticos), Isabel Reis.
O peixe-boi aparentemente estava saudável, com 12 quilos (normal para a idade) e 105 centímetros. Segundo relato de quem o encontrou, ele foi encontrado enrolado em uma malhadeira. Agora ele está recebendo os cuidados necessários para a sua reabilitação pela equipe Amigos do Peixe-boi (que faz parte do Programa Petrobras Ambiental). O filhote passará por um período de quarentena e, segundo outro veterinário da Ampa, Anselmo d’Affônseca, este é um período crucial para o sucesso de sua reabilitação.
Outra equipe, outro animal
Na última quarta-feira, uma equipe do Centro de Preservação e Pesquisa de Mamíferos Aquáticos (CPPMA), localizado na Usina Hidrelétrica de Balbina (leia-se no município de Presidente Figueiredo, a 107 quilômetros de Manaus), também resgatou um filhote de peixe-boi. Diferentemente do primeiro, esse tinha cerca de cinco meses e estava abaixo do peso. Segundo a veterinária e coordenadora do Centro, Stella Maris, o filhote provavelmente estava se alimentando de raízes e lodo (após se perder da mãe).
Neste caso, o animal foi encontrado por pescadores no município de Itapiranga, a 356 quilômetros de Manaus. Eles entraram em contato com a Secretaria de Meio Ambiente local, que por sua vez acionou o coordenador do Centro de Preservação e Pesquisa dos Quelônios Aquáticos (CPPQA) de Balbina e amigo do peixe-boi, Paulo Henrique de Oliveira, que foi buscá-lo.
O peixe-boi, esclarece o veterinário Anselmo d’Affonseca, necessita de cuidados especiais, sobretudo se retirado de seu habitat. Tanto que a orientação, assim que ele for avistado, é não tirá-lo da água, pois a mãe pode estar por perto. “Se visto que a mãe não se aproximou da cria, aí sim, entrar em contato com os órgãos ligados ao Meio Ambiente para fazer o resgate o mais rápido possível”, ressalta.
Os números para que a população possa entrar em contato em casos semelhantes são: o Batalhão de Policiamento Ambiental, 3214-8904 e 190; o do Ibama, 3613-3094, da Ampa 3184-3882 e CPPMA 3647-1904.
Fonte: EPTV
