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CAMPINAS (SP)

Filhote de onça-parda é resgatado após ser atropelado por colhedeira de cana

3 de dezembro de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Ananda Porto/TG

Entre calopsitas, coelhos e porquinhos-da-Índia, uma baia chama a atenção numa clínica de animais não-convencionais em Campinas, interior de São Paulo. Há cerca de um mês, um filhote de onça-parda foi parar no estabelecimento, depois de ser atropelado pela colheitadeira de cana, numa plantação na cidade de Cosmópolis.

“Uma colega do Ibama entrou em contato porque a Guarda Municipal de Cosmópolis a tinha acionado. O filhote fraturou as duas patas traseiras. Nem a mãe nem os irmãos foram encontrados”, conta Breno Jancowski, veterinário responsável pela clínica.

Ao chegar, Kél, como passou a ser chamado, precisou de uma cirurgia. “Foi necessário colocar um fixador externo (pinos) nas duas patas”, explicou o médico. Breno conta que o animal teve o rompimento de tendões e ligamentos.

“Por conta disso, ele não tem condições de voltar para a natureza. Uma pata ficou boa, mas a outra está com sequelas. Ele não vai ter força para impulsionar um salto, ou coisa assim. Para um predador topo de cadeia isso é essencial”, detalha.

A previsão é de que Kél seja levado para um zoológico ou mantenedor, situação que deve acontecer assim que ele estiver plenamente recuperado, através da Polícia Ambiental. Enquanto isso, profissionais da clínica se revezam na mamadeira, cuidadosamente preparada com suplementos para ajudar no desenvolvimento do animal. As pintinhas, que o deixam ainda mais encantador, vão desaparecer conforme ele for crescendo e adquirindo a coloração clássica das onças-pardas.

Onças Urbanas

Breno conta que as onças-pardas são parte dos animais que se adaptaram ao crescimento das cidades. “Antes ela morava na floresta, agora ela mora no canavial”. Segundo ele, muitas se acidentam, mas, devido ao alto número de indivíduos da espécie na região de Campinas, a espécie acaba tendo uma “reposição”, e assim novos casos de avistamento e resgates são registrados.

Uma selva, na cidade

A clínica de Breno, voluntariamente, recebe animais resgatados, de vida livre, que são trazidos pela Polícia Militar Ambiental, por conta da falta de um espaço adequado nas cidades que possam receber animais silvestres nesta situação. “E os casos têm aumentado demais”, relata Breno. “A gente chegou a ter aqui, simultaneamente, 50 filhotes de gambás”, completa.

No dia da visita do Terra da Gente na clínica, recebiam atendimento: uma família de bem-tevis, alguns filhotes de tucanos, muitos gambás, um pica-pau-verde-barrado muito ferido, além de uma corujinha-do-mato, um sanhaço-cinzento e uma rolinha. Filhotes de ouriço também são frequentes por ali, assim como os de urubu e os das maritacas e periquitos.

“É muito bom quando a gente vê que deu certo e que a gente deu uma segunda chance para o animal. Mas infelizmente é uma minoria, porque muitos acabam morrendo antes de chegar aqui. Poder devolvê-los à natureza é aquele sentimento: ‘eu passei por esse mundo e deixei ele um pouquinho melhor’. Cada um tem uma história. Mas é importante explicar que nem todo animal precisa de resgate”, detalha o veterinário.

“Muitos filhotes caem do ninho, por exemplo, e as pessoa acabam pegando, pensando em ajudar. Mas o correto é tentar encontrar os pais, colocar o animal num lugar mais alto, perto do ninho. Se há algum ferimento, o indicado é entregar esse animal para a Polícia Ambiental dar o encaminhamento”, complementa.

A clínica de Breno conta com onze profissionais, sendo dois biólogos e cinco veterinários. Além dos atendimentos aos animais não-convencionais como coelhos, lagartos, cobras e aves, a equipe atua ainda com educação ambiental, indo à escolas e permitindo uma conexão das crianças com alguns animais.

Foto: Ananda Porto/TG

Casos frequentes

Enquanto a equipe do TG conversava com Breno, Policiais Ambientais chegaram com mais um felino: desta vez um gato-do-mato-pequeno. “É o animal 644 deste ano, desses que chegam como resgate”, informou Breno. O felino estava com um comportamento que indicava uma possível pancada na cabeça, ficou em recuperação, mas já tem previsão de soltura. Depois, Breno ainda recebeu um gato-mourisco que havia sido atacado por um cachorro. Foi a primeira vez que três felinos ficaram simultaneamente na clínica.

O Terra da Gente preparou uma série de vídeos com a história de alguns animais e a rotina na clínica. Um material especial e exclusivo que você confere no perfil do programa no Instagram, ao longo desta semana.

Fonte: G1

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