Encontrada junto de seus irmãos, uma fêmea de lobo-guará corria risco de morte após ter ficado órfã. No dia do resgate, em junho do ano passado, a mãe dos bebês foi encontrada morta a cerca de 10 km de distância da toca que fez para proteger seus filhos.
Monitorada pela equipe da organização não governamental (ONG) Onçafari, a lobinha foi batizada de Pequi após ser salva com seus quatro irmãos em uma mata nas proximidades da Fazenda Trijunção, na divisa entre os estados de Goiás, Minas Gerais e Bahia.
Após receberem os primeiros cuidados, os cinco irmãos iniciaram um processo de reabilitação e Pequi foi escolhida para integrar a fauna do Distrito Federal. O projeto de reintrodução da fêmea, que recebeu o nome de “Uma lobinha chamada Pequi”, busca patrocinadores para as obras de construção de um recinto de aclimatação para a loba.
Junto de seus irmãos, a lobinha integra uma pesquisa que tem como objetivo criar um protocolo que guie trabalhos de reintrodução da espécie no habitat. Isso porque atualmente não existem protocolos do tipo.
Filhotes desidratados e anêmicos
Resgatados em 24 de junho de 2020, os filhotes – três fêmeas e dois machos – estavam dentro de uma toca na Bahia. No mês seguinte, todos foram levados para o Zoológico de Brasília, onde foram submetidos a exames que diagnosticaram quadros de desidratação e anemia.
“O nosso intuito era fazer com que esses animais sobrevivessem, porque a taxa de mortalidade é alta. Eles sobreviveram, cresceram com saúde. Três foram para o Parque Vida Cerrado, na Bahia, e outros dois voltaram para a Fazenda Trijunção”, relatou ao Correio Braziliense o biólogo diretor de mamíferos da instituição, Filipe Carneiro Reis.
Pequi foi um dos filhotes levados de volta à Bahia. Atualmente, ela aguarda para ser transferida para o Distrito Federal. “Lá, o recinto do criadouro estava afastado do público, o que é ideal para animais que vão ser reintroduzidos. Aqui, em Brasília, todos já estavam cheios”, explicou Filipe.
“Estamos preparando Pequi para a vida livre, e esse é o nosso grande objetivo. Elaborar o protocolo melhor para que a gente tenha sucesso. Não é algo simples, a gente tem que manter o animal mais distante possível do ser humano. Não existe um protocolo definitivo ainda”, concluiu.