Mero, um filhote de leão com 10 meses de idade, está agora vivendo no santuário de grandes felinos da organização Four Paws, na Holanda. O realocamento aconteceu no dia 30 de julho, depois de ele passar vários meses sob cuidados temporários do Zoológico Hodonin, na República Tcheca.
Foi nesse país que o jovem macho era mantido ilegalmente em cativeiro — embora não se saiba por quanto tempo — por um indivíduo, até ser confiscado em março deste ano pelas autoridades tchecas.
Em comunicado enviado à Green Savers, a Four Paws informou que, após uma viagem de mais de mil quilômetros até seu santuário Felida, Mero já foi transferido para suas novas instalações, “onde terá o tempo necessário para se sentir confortável no novo ambiente, construir uma relação de confiança com seus cuidadores e receber os cuidados necessários para se tornar um leão confiante”.
“O jovem filhote de leão Mero está em uma fase crucial de seu desenvolvimento”, disse Juno van Zon, responsável pela gestão de animais e instalações do santuário Felida. “Receber os cuidados adequados agora é extremamente importante para evitar problemas futuros de saúde física e mental”, destacou.
A organização internacional alerta que Mero é apenas um entre muitos casos de cativeiro ilegal de grandes felinos que ocorrem atualmente em toda a Europa, onde vivem “como animais de estimação exóticos em condições inadequadas”.
Segundo a Four Paws, “reproduzir, comercializar e manter animais selvagens é uma indústria lucrativa e global, movimentando bilhões de dólares à custa da exploração animal e de regulamentações fracas”. No caso da República Tcheca, a organização afirma que, apesar de o país ter regras rígidas sobre a posse de animais selvagens por particulares — exigindo autorizações específicas das autoridades veterinárias —, o problema persiste.
“Temos pouca informação sobre a origem do filhote de leão. Mas o que sabemos é que não há qualquer valor de conservação em particulares manterem grandes felinos em cativeiro, onde, na maioria dos casos, eles passam a vida inteira em más condições”, afirmou Patricia Tiplea, responsável pelo planejamento de resgates da Four Paws. Embora não haja certezas, é provável que Mero tenha nascido em cativeiro ilegal.
“Já resgatamos muitos leões jovens na Europa que eram mantidos em condições inadequadas. Alguns deles estavam sendo criados como animais de estimação e até escaparam”, continuou, citando o leão Nikola, capturado em 2022 enquanto vagava pelas ruas de Montenegro, e a leoa Vasylyna, encontrada mais tarde naquele mesmo ano em uma vila na Ucrânia.
“Esses exemplos mostram que o cativeiro privado inadequado coloca em risco tanto os animais quanto os humanos”, enfatizou Tiplea. Por isso, a Four Paws está pedindo que as autoridades europeias proíbam a posse e a reprodução de grandes felinos por particulares em toda a Europa “e no resto do mundo”.
Em contato com a Green Savers, a Four Paws explicou que Mero, por ter vivido toda a sua vida em cativeiro e já ter 10 meses de idade, não poderá ser reintroduzido na natureza, pois não tem as habilidades necessárias para sobreviver em vida selvagem. Por isso, ele viverá permanentemente no santuário onde se encontra agora.
Fonte: Greensavers