Um filhote de baleia jubarte foi encontrado morto, ontem pela manhã, na Praia do Pecém, município de São Gonçalo do Amarante, localizado a 59 quilômetros de distância de Fortaleza (CE). Os funcionários do Porto do Pecém foram surpreendidos logo de manhã cedo com a presença do enorme animal sem vida boiando entre o primeiro píer 1 e um navio que estava ancorado para descarga. Com a maré baixa, o corpo do mamífero ficou à deriva, sendo levado pela corrente marítima até alto-mar.
De acordo com os técnicos da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), esta é a segunda baleia da espécie jubarte que aparece morta em menos de oito dias no litoral cearense. Os biólogos da Aquasis previram que, devido aos fortes ventos da região, sua direção e também à maré, a jubarte encalharia próximo à Praia da Taíba, no mesmo município.
Segundo informações dos pesquisadores da Aquasis, esse filhote de baleia tem as mesmas características da anterior, medindo cerca de quatro metros de comprimento. De acordo com a bióloga Cristine Negrão, a presença da espécie na costa cearense não é muito comum. “Em 16 anos de monitoramento, registramos apenas quatro casos iguais a este”, esclarece Cristine. “Geralmente, aqui encalham baleias da espécie cachalote”, completou.
A diferença entre baleias das espécies jubarte e cachalote, é que esta última tem mais ocorrências no Ceará que a primeira. As jubartes normalmente chegam apenas até Abrolhos, no sul do Estado da Bahia, vindas da Antártida (Polo Sul). “Os hábitos migratórios dessas duas espécies, são bem diferentes, mas devido à grande proliferação de cachalotes na Bahia, as jubartes chegaram até a costa cearense”, disse Vitor Luz, veterinário da Aquasis.
“Apesar da proliferação dessas duas espécies na costa brasileira, ambas estão ameaçadas de extinção”, lamenta Luz.
Os biólogos avisam que, devido ao trabalho realizado desde 1985 para a preservação da espécie e das áreas de reprodução, a população da jubarte tem se espalhado pelo Brasil. “Elas estão retornando às áreas de procriação, passando por Abrolhos em busca de águas quentes e chegam ao Ceará. Já existem jubartes nascidas aqui”, complementa Cristine.
As causas do encalhe, no entanto, ainda estão sendo estudadas pela Aquasis. Uma parceria com o Projeto Jubarte, da Bahia, está sendo estabelecida para ajudar na identificação destas causas. Uma das hipóteses defendida pela bióloga da Associação é de que o grande tráfego de embarcações acaba por separar os filhotes de suas mães.
“Tudo ainda está na base da especulação, ainda não temos nenhum resultado concreto”, reforçou a pesquisadora.
Outra hipótese para a causa desse encalhe, levantada pelos técnicos, é de que os machos da espécie tentam copular com as fêmeas acompanhadas dos filhotes e eles acabam se perdendo.
No final da tarde de ontem, a equipe da Aquasis se deslocou até a Praia da Taíba, local previsto para o encalhe, para realizar uma investigação no filhote.
A previsão era fazer uma necropsia do corpo para identificar a causa da morte do mamífero e recolher material para uma posterior pesquisa. Após todos esses procedimentos dos pesquisadores, a carcaça da baleia será enterrada.
Fonte: Diário do Nordeste