Por Patricia Tai (da Redação)
Nove agentes e quatro delegados do Departamento de Recursos Naturais de Wisconsin, todos fortemente armados, invadiram a Society of St. Francis (Sociedade de São Francisco), um abrigo não letal de animais em Kenosha, Wisconsin, próximo à fronteira de Illinois, em Julho.
Funcionários do abrigo foram encurralados em um canto da propriedade enquanto os agentes, descritos como “armados até os dentes” pelo funcionário Ray Schulze, fizeram o seu caminho para dentro do local após terem recebido duas denúncias anônimas de que o abrigo estava hospedando um filhote de cervo chamado Giggles. As informações são da Care2.
O animal era uma fêmea e havia sido levada para o abrigo duas semanas antes por uma família de Illinois que suspeitava que ela tinha se perdido de sua mãe. Ela fazia pequenas vocalizações que faziam parecer que estava rindo, segundo Schulze, e por isso foi chamada de Giggles.
O abrigo tratou de fazer arranjos com as autoridades para manter o cervo e, como se esperava, reintroduzi-la na natureza. Giggles tinha apenas um dia no abrigo quando os agentes apareceram em seus carros com um mandado. Schulze se refere a eles como “um time da SWAT”.
Conforme noticiado pelo canal WISN 12, após receber as denúncias anônimas, os funcionários do DNR levaram um mandado de busca que incluía fotos aéreas mostrando o cervo entrando e saindo de um celeiro.
Funcionários foram informados de que Giggles tinha que ser apreendida pois o estado de Wisconsin proíbe a tutela de animais selvagens. Schulze explicou que estava programado para que o cervo fosse solto na natureza no dia seguinte, como ele relatou à WISN 12:
“Eu tinha em mente que eles pegariam o cervo e delicadamente o levariam para um abrigo de vida selvagem, e então eles jogaram o animal em seus ombros. Ele não é uma sacola. Eu perguntei por que eles estavam fazendo assim, e ele disse: ‘Esta é nossa política’, e eu respondi que era uma droga de política”, conta Schulze.
O DNR afirma que foi dado um tranquilizante ao animal e que ele foi eutanasiado em seguida. De acordo com Jennifer Niemeyer, supervisora do DNR, a lei exige que os agentes eutanasiem os animais selvagens “devido ao potencial de transmissão de doença e ao perigo que representam para os seres humanos”. Ela comenta: “Há sempre algumas situações muito difíceis para ambas as partes envolvidas, e nós compreendemos pois sabemos no fundo de nossos corações que eles tentaram fazer a coisa certa”.
Quando a repórter investigativa da WISN 12 News perguntou por que o abrigo não poderia ter sido contatado primeiro, Niemeyer respondeu: “Se o delegado de um departamento está indo cumprir um mandado de busca em um ponto de venda de drogas, eles não ligarão antes avisando que irão pedir para que os traficantes voluntariamente entreguem sua marijuana ou qualquer que seja a droga que eles têm”.
Sob a lei de Wisconsin, as organizações só podem abrigar animais selvagens mediante autorização do estado. O DNR disse que, apesar das acusações apresentadas no mandado, o estado não pretende prestar queixa contra o abrigo.
A presidente do abrigo, Cindy Schultz, disse que planeja processar o DNR por ter removido Giggles “sem terem ao menos chamado os dirigentes do abrigo para uma audiência”. Ela fala sobre os recursos que o DNR gastou no ataque ao abrigo e nas preparações para isso: “Eles usaram o máximo de seus recursos por um bebê de cervo”. Schulze disse que ele ainda tem pesadelos sobre o dia da invasão e ainda mantém o prato de alimentação de Giggles e a sua mamadeira.
A reportagem da Care2 questiona por que o estado de Wisconsin faz tais esforços, e usa tantos recursos, para capturar um jovem cervo. Pessoas reclamam de cervos que comem folhagens em seus jardins e dos animais que ficam vagando em estradas e, muitas vezes fatalmente, encontram motoristas. A morte de Giggles é outro exemplo do pedágio pago pela vida selvagem em face do desenvolvimento humano e da destruição de florestas.
O repórter da Care2 disse que recentemente vira um cervo adulto e dois filhotes mortos, amontoados debaixo de uma torre de transmissão gigante em uma área de gramado ao lado de uma rodovia no centro de Nova Jersey, onde os carros zuniam. Provavelmente haviam sido atropelados. Na Inglaterra, o tempo médio de vida de uma raposa na natureza foi reduzido para dois anos, e as que têm mais “sorte” podem viver até cerca de oito anos. A Care2 finaliza a reportagem dizendo que podemos não ser capazes de parar o ritmo de desenvolvimento, mas podemos rever as políticas e leis para tratar devidamente e melhor considerar as novas realidades que a vida selvagem enfrenta em todos os lugares do mundo.