Por Lobo Pasolini (da Redação)
Que os zoológicos não passam de museus de criaturas vivas aprisionadas para o prazer supremacista de alguns seres humanos, isso a gente já sabia. Alguns tentam justificar a existência dos museus com um discurso preservacionista etc., mas quem se incomodar em ler um pouco sobre a história desses campos de concentração para animais saberá que eles começaram como coleções de animais exóticos durante o período vitoriano, quando os ingleses, que então colonizavam metade do mundo, adoravam trazer atrações para sua pequena ilha (inclusive ‘freaks’ humanos) para que os “civilizados” pudessem se entregar ao seu voyeurismo e sentimento de superioridade.
Eu estou escrevendo mais uma vez sobre os zoológicos porque esta semana eu fiquei sabendo que o zoo de Berlim será local de uma festa em junho. Com certeza não deve ser a primeira, mas foi a primeira da qual eu ouvi falar, daí minha indignação contra esse evento em particular. O convite da festa diz: “Venham dançar entre elefantes, tigres e pinguins, como se os animais melancólicos que estão presos no zoológico fossem adorar ouvir música alta e tolerar bêbados.
Eventos dessa natureza mais uma vez demonstram a função “pedagógica” dos zoológicos, que é ensinar para o público que os animais não passam de curiosidades, decoração de festa, “coisas” para serem usadas e descartadas.
Eu enviei o seguinte email para o zoológico de Berlin (em inglês). Fiquem a vontade para copiá-lo:
Dear Sir/Madam:
I was appalled to learn that the administration of the Berlin Zoo hires out space to party promoters. I’m saying this in connection with the Gay Night At The Zoo on 16 June. Perhaps there have been other events but this is the first one I hear of. Were it not enough for the animals to live an un-natural life in confinement, they are now explored as props during a party – how dignified that must be! I urge you to consider cancelling events that can make the animals’ lives at the zoo even more miserable than they already are.
Best regards,
NOME