EnglishEspañolPortuguês

Festa cruel em que gato é queimado vivo é defendida por populares

27 de junho de 2015
3 min. de leitura
A-
A+

Foto: DR
Foto: DR

A população de Mourão, no concelho de Vila Flor, Bragança, está a braços com a Justiça devido a uma tradição de São João denominada “Queima do Gato” que envolve um animal vivo.
A GNR confirmou à Lusa que iniciou diligências para identificar os autores no âmbito de um inquérito aberto no Tribunal de Vila Flor depois de várias denúncias. Também a associação de defesa dos animais Grupo Gato Urbanos anunciou esta sexta-feira que vai avançar com uma queixa-crime no Departamento de Investigação e Acção Penal, constituindo-se como assistente do processo, “com o objectivo de levar à justiça os responsáveis e cúmplices e para que esta bárbara e vergonhosa prática não se repita mais”.
O ritual foi divulgado nas redes sociais onde se gerou uma onda de indignação que já fez eco na aldeia, onde a população garante que “nunca morreu nenhum gato” e que o último que foi sujeito a esta prática “está bem”.
A “tradição” chegou ao conhecimento público através de um vídeo colocado nas redes sociais com a duração de cerca de cinco minutos que, segundo a descrição do Grupo Gatos Urbanos, “mostra um gato colocado dentro de um recipiente de barro e levantado a alguns metros de altura, num poste”.
“O poste vai sendo queimado e à medida que as chamas envolvem o recipiente com o animal lá dentro ouvem-se os gritos lancinantes do animal em sofrimento atroz. Quando o poste arde, projecta-se no chão, sendo que o animal cai de uma altura superior de três metros, fechado no recipiente a arder, recipiente esse que se estilhaça no chão”, descreve.
Nesse momento “vê-se o gato em chamas a “gritar” agonizantemente enquanto a população ri, esbraceja e se diverte com o suplício do animal que corre em círculos, tentando alivio e fuga, desorientado em agonia extrema”, continua aquela organização, indicando, que o crime foi denunciado pela Associação Midas.
A associação Grupo Gatos Urbanos informou que vai requerer “informações sobre o estado actual do animal alvo de sacrifício/maus-tratos e que sejam efectuadas todas as diligências necessárias para a identificação dos promotores, autores e participantes deste crime”.
“Está aí bem bonito, podem vir ver”
“Nunca morreu nenhum gato e este está bem, a GNR já o veio ver”, afirmou Aida Alves, habitante de Mourão que encara como “ridícula” a situação que está a gerar-se em torno do caso.
Com 80 anos, Aida Alves garantiu que desde sempre que existe esta tradição associada às festas de São João e que “há três ou quatro anos que é (usado) o mesmo gato”.
Segundo contou à Lusa é um habitante da aldeia que tem gatos que oferece o animal para este ritual.
Aida Alves reconheceu que nesta festa o animal “queimou uma bocadinho o pelo”, acrescentando que “a dona foi buscá-lo, tratou-o e está bem”.
“Está aí bem bonito, podem vir ver. Já cá veio a Guarda e já o viu”, declarou.
Confrontada com a lei que pune os maus-tratos e sofrimento infligido aos animais, Aida Alves responde com uma pergunta: “E não há lei para os cães abandonados que deixem por aí?”.
As festas de São João são organizadas pelos poucos mais novos que mantém laços com esta aldeia de Trás-os-Montes “onde existem apenas meia dúzia de velhos”, como disse à Lusa Aida, que teme que agora se acabe com a tradição e fiquem “cada vez mais abandonados”.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: SAPO

Você viu?

Ir para o topo