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Fernando de Noronha registra recorde de desovas de tartarugas-marinhas com 506 ninhos na temporada

21 de março de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Fernando de Noronha tem uma temporada recorde reprodução de tartarugas marinhas, com 506 desovas até quarta-feira (19). A espécie que procura a ilha para colocar os ovos é a tartaruga-verde, que tem nome científico Chelonia mydas. O recorde anterior ocorreu na temporada 2022/2023, quando foram identificados 430 ninhos.

O monitoramento da espécie é realizado desde 1984. Os pesquisadores do Centro Tamar, entidade que faz parte do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), estão animados porque esse número ainda pode crescer muito. O período de reprodução ainda está na metade e segue até os meses de maio e junho.

Segundos os estudiosos, o crescimento das desovas consolida o trabalho de recuperação da população de tartarugas marinhas no arquipélago e faz de Fernando de Noronha um dos mais importantes santuários para a espécie no Brasil.

O analista ambiental do Centro Tamar Claudio Bellini, que há mais de três décadas lidera as atividades em Noronha, falou sobre o recorde.

“Esse recorde não é apenas um número, mas um símbolo do impacto positivo que décadas de trabalho intenso e de políticas de proteção ambiental podem gerar. Ele é fruto da dedicação de muitas mãos e corações ao longo dos anos”, afirmou Bellini.

Fundação Tamar

Os pesquisadores da Fundação Projeto Tamar, organização não governamental que trabalha em parceria com o Centro Tamar, também avaliaram positivamente os números.

“A temporada reprodutiva 2024/2025 tem registrado números positivos; ainda estamos na metade do período reprodutivo. A maior parte das desovas estão nas praias do Leão e do Sancho ”, disse a coordenadora do Projeto Tamar, Rafaely Ventura, que enfatizou o trabalho de preservação da fundação, que começou há quatro décadas.

Segundo levantamento do Centro Tamar /ICMBio, as desovas aconteceram nas seguintes praias:

🐢Praia do Leão: 340 ninhos
🐢Praia do Sancho: 71ninhos
🐢Outras praias: 95 ninhos
🐢Total de ninhos 506

Proteção às tartarugas-marinhas

Os pesquisadores informaram que o trabalho de conservação começou nos anos 1980, quando as tartarugas-verdes estavam à beira da extinção, devido à caça predatória e à ocupação desordenada.

Os estudiosos indicaram as principais ações de proteção da espécie:

Criação da Base Avançada do Centro Tamar/ICMBio , em 1984;

Criação do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, em 1988;

Monitoramento constante de praias como a do Leão, a principal área de desova.

Nos primeiros anos de monitoramento, registravam-se em média apenas 38 ninhos por ano. Atualmente, esse número aumentou mais de 13 vezes.

“O sucesso do programa é um reflexo do esforço coletivo. Analistas ambientais, pesquisadores, bolsistas, estagiários, voluntários e a própria comunidade local desempenham papéis indispensáveis no patrulhamento e monitoramento das praias”, afirmou Cláudio Bellini.
Quem trabalha no dia a dia das atividades de preservação das tartarugas também avalia o resultado das ações.

“Cada ninho representa mais do que uma vitória para as tartarugas, simboliza esperança para quem luta por um planeta mais sustentável”, destacou o pesquisador do Centro Tamar, Renan Louzada.

Os estudiosos avaliam que o trabalho está longe de ser concluído. A população de tartarugas-verdes permanece vulnerável a ameaças como a pesca acidental, a poluição marinha e as mudanças climáticas.

Para Bellini, garantir um futuro para a espécie depende da continuidade das pesquisas e das ações de conservação.

“Proteger tartarugas, seres de vida longa, exige compromisso contínuo e ações efetivas, além de políticas públicas robustas”, reforçou Cláudio Bellini.

Fonte: G1

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