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COMBUSTÍVEL

Fenômeno das secas-relâmpago acelera risco de incêndios florestais

Secas súbitas intensificam megaincêndios na Espanha em meio à crise climática

1 de setembro de 2025
3 min. de leitura
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Bombeiro trabalha na extinção de incêndio em Carcastillo, Navarra, Espanha, em agosto de 2025. Foto: Getty Images

As chamadas secas-relâmpago estão se tornando um dos eventos climáticos extremos mais perigosos ligados às mudanças climáticas. Diferente das secas tradicionais, que se instalam ao longo de meses ou anos, essas secas súbitas podem surgir em poucas semanas, transformando áreas verdes em combustível para incêndios florestais. Foi o que ocorreu na Espanha em agosto de 2025, quando o fenômeno esteve diretamente associado a incêndios de grande intensidade no noroeste do país.

Esse tipo de seca é caracterizado pela rápida redução da umidade do solo e da vegetação em períodos curtos, geralmente de cinco a 30 dias. Elas acontecem quando a falta de chuva coincide com temperaturas anormalmente altas, ondas de calor, ventos fortes e mudanças na radiação solar. O processo físico por trás do fenômeno é a evapotranspiração acelerada: em condições extremas de calor, as plantas perdem água pelas folhas muito mais rapidamente do que conseguem repor pelo solo, secando em ritmo acelerado.

Na Espanha, o impacto foi agravado por um efeito conhecido como “chicote hidroclimático” (hydroclimate whiplash), relata o portal europeu Euronews Green. Após uma primavera chuvosa em abril e maio, que favoreceu o crescimento da vegetação, o verão trouxe a seca súbita. O resultado foi a rápida transformação daquela vegetação fresca em material inflamável, alimentando os incêndios.

O chamado “triângulo Ourense–León–Zamora” registrou índices de seca de curto prazo (um a três meses) nunca antes observados. As chamas evoluíram para o que especialistas classificam como incêndios de sexta geração — tão intensos que geram seu próprio sistema climático. Nuvens de pirocúmulo formadas pelo calor do fogo criaram ventos imprevisíveis e, em alguns casos, chegaram a desencadear tornados de fogo.

Risco crescente com o aquecimento global

Cientistas alertam que o avanço do aquecimento global deve aumentar a frequência e a intensidade das secas-relâmpago. O fenômeno já ameaça de forma significativa a agricultura, além de ampliar o risco de incêndios florestais em regiões vulneráveis.

A combinação entre calor extremo, mudanças nos padrões de chuva e maior demanda atmosférica por umidade cria um cenário propício para eventos cada vez mais destrutivos. Segundo pesquisadores, a velocidade com que essas secas se instalam deixa comunidades despreparadas e pode causar impactos duradouros nos ecossistemas e na economia.

Fonte: Um só Planeta

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