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EFEITO DO AQUECIMENTO GLOBAL

"Febre perigosa": aquecimento global deve tornar dengue endêmica na Europa, EUA e regiões da África, alerta cientista da OMS

Aumento gradual das temperaturas está tornando regiões, antes inóspitas, mais convidativas para o mosquito transmissor da doença que causa febre alta e pode levar à morte

9 de outubro de 2023
Redação Um só planeta
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

O aquecimento global poderá em breve fazer da dengue uma grande ameaça a regiões onde hoje ela raramente existe, como o sul da Europa, os Estados Unidos e a África. Esse alerta foi dado por um especialista em doenças infecciosas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Isso, aponta a Euronews, porque as temperaturas mais altas estão criando condições para a propagação dos mosquitos portadores do vírus da dengue, o Aedes aegypti.

“Precisamos falar de forma muito mais proativa sobre a dengue”, disse Jeremy Farrar à Reuters. “Precisamos realmente preparar os países para saber como irão lidar com a pressão adicional [da dengue] que surgirá… no futuro, em muitas, muitas grandes cidades”, diz o cientista, que antes de chegar à OMS passou 18 anos trabalhando no Vietnã com doenças tropicais como a dengue.

Como os brasileiros sabem bem, a dengue é capaz de fazer grandes estragos. No Brasil, a doença matou 1.016 pessoas em 2022, na primeira vez em que os óbitos pela doença ultrapassaram os quatro dígitos. O ano de 2023 deve superar esse número, a julgar pelos 635 óbitos já confirmados até 7 de junho, com 22% mais casos do que no mesmo período do ano passado.

Considerando toda a América Latina e Ásia, a OMS estima que ocorram anualmente entre 100 e 400 milhões de infecções, com cerca de 20 mil mortes. As taxas da doença já aumentaram oito vezes a nível mundial desde 2000, impulsionadas em grande parte pelas mudanças climáticas, aumento da circulação de pessoas e pelo processo de urbanização.

Farrar diz que é provável que a infecção “decole” e se torne endêmica em partes da Europa, dos Estados Unidos e de África – todas as regiões onde já houve alguma transmissão local limitada. Isso colocará uma pressão aguda nos sistemas hospitalares de muitos países, ele alerta.

“O atendimento clínico é muito intensivo, exige uma proporção alta de enfermeiros por pacientes Fico realmente preocupado quando isto se tornar um grande problema na África Subsaariana”, aponta Farrar.

Em junho deste ano, um estudo do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) já havia apontado que doenças tropicais transmitidas por mosquitos, como chikungunya e dengue, estão se tornando mais comuns em partes tradicionalmente mais frias do mundo, e podem crescer na Europa conforme o aquecimento global avance.

Segundo o ECDC, o mosquito Aedes albopictus, principal transmissor da chikungunya, da zika e da febre amarela, já foi encontrado em 13 países e 337 regiões do continente.

Fonte: Um Só Planeta

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