Além do derretimento das geleiras e, como consequência, do aumento do nível do mar, já se condena o desaparecimento de áreas litorâneas, assim como o sumiço de nações inteiras que ocupam ilhas.
Porém, esse não é o único problema do ambiente marinho. Além da redução e até extinção de algumas espécies, há mais de duas décadas observa-se o embranquecimento dos corais, sinal claro da morte dessas estruturas. Suas cores são fundamentais para o funcionamento do bioma, garantindo concentração de alimentos, camuflagem, e espaço reprodutivo mais seguros fazendo com que esses organismos funcionem como berçários de grande parte da vida aquática.
S.O.S Corais
Antes tarde do que nunca, foi lançada a Coalizão Corais do Brasil, formada por algumas entidades em um esforço civil voltado à proteção dos recifes ainda saudáveis e à tentativa de restauração dos já comprometidos.
Além de controlarem a biodiversidade marinha também protegem as praias, cidades e comunidades litorâneas contra eventos climático, equilibram o planeta, controlam a segurança alimentar e ainda possuem forte impacto pelas atividades econômicas geradas.
“Com a Coalizão, queremos integrar e potencializar esforços, com foco em impacto concreto e duradouro. Dessa forma, buscamos ampliar resultados, influenciar políticas públicas, impulsionar soluções inovadoras, criar mecanismos de financiamento sustentáveis e projetar o protagonismo do Brasil na agenda global de conservação de corais”, afirma Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.
O movimento brasileiro conta ainda com a participação de outras instituições que também atuam com recifes no país, como o Instituto Recifes Costeiros (IRCOS), Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil), Comissão Nacional para o Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos Extrativistas Costeiros Marinhos (CONFREM) e o AquaRio.
“Defendemos soluções que unam ciência, direitos dos povos e comunidades tradicionais, sustentabilidade e justiça socioambiental. Queremos transformar os corais em símbolo de resiliência climática, cultura oceânica e futuro para as próximas gerações”, explica Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.
Recifes Moribundos
Esses organismos ocupam menos de 0,1% do fundo dos oceanos, mas possuem relevância ecológica fundamental, oferecendo abrigo e alimento para cerca de 25% das espécies marinhas. No entanto, o aumento da temperatura do mar e a degradação desses ecossistemas ampliam a vulnerabilidade da costa à incidência de ressacas e processos erosivos, especialmente durante eventos climáticos extremos, causando grandes danos e perdas materiais e imateriais.
Os recifes de coral geram ao Brasil até R$ 167 bilhões em serviços de proteção costeira e turismo, segundo o estudo “Oceano sem Mistérios: Desvendando os Recifes de Corais” (2023).
Desde março de 2023, a temperatura dos oceanos aumentou entre 0,3°C e 0,5°C, índice suficiente para colocar os corais em risco. O fenômeno, descrito como “Febre Azul”, também tem intensificado eventos extremos, como furacões e inundações, segundo informações do relatório Global Tipping Points 2025.
Entre as regiões com maior índice de recifes de coral atingidos pela onda de calor marinha está o Nordeste brasileiro, que concentra os únicos ambientes recifais do Atlântico Sul, estendendo-se por cerca de 3 mil quilômetros ao longo da costa.
Fonte: O Dia