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Fazendeiros criam animais selvagens com mutações raras para atrair caçadores

17 de agosto de 2017
3 min. de leitura
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Milhares de antigas fazendas de bois e vacas foram transformadas em fazendas de jogos lucrativos, reservas de caça de animais selvagens e locais de ecoturismo. Uma fazenda de animais silvestres que lucra com a caça se preocupa em ter os animais que os clientes desejam matar enquanto uma pousada turística abusa de espécies consideradas atraentes para aqueles que gostam de atividades “recreativas”.

Caçador com rifle
Foto: Reuters/Siphiwe Sibeko

Inacreditavelmente, o principal argumento para a continuidade desse horror é que ele ajuda a “proteger” os animais.

Para agravar esse cenário perturbador, existe um mercado de “variações de cores” – formas excepcionalmente coloridas de espécies específicas decorrentes de mutações raras. As mutações naturais que causam variações de cor ocorrem em muitos animais.

As cores raras das espécies africanas caçadas são conhecidas há muito tempo e incluem variedades de preto e branco de impalas, grus dourados e variedades brancas de cabras-de-leque. Os caçadores de “troféus” pagam preços maiores para caçar os animais coloridos.

Durante a última década, o custo para matar os animais de cores mutantes vendidos em leilões no país tiveram um aumento extraordinário e depois uma grande diminuição. Diversas espécies com diferentes colorações, incluindo gnus, impalas, e zebras, começaram a ser intensamente criadas por alguns fazendeiros para o terrível mercado da caça.

Em 2012, estimava-se que estas variedades raras representavam apenas 1% da caça no país. A escassez e o pensamento de que os caçadores pagariam generosamente para matá-las resultaram na crença  de ocorreriam consideráveis retornos futuros. Como resultado, os preços aumentaram. O impala normal poderia ser comprado por $ 105, enquanto o impala preto era vendido por $ 45 mil. Os animais de cores variadas ainda não eram caçados e os  exploradores concentravam-se na sua criação para aumentar seus números.

Nos dois anos seguintes, o panorama foi alterado. Em 2014, a caça de animais raros representou 16% do volume de negócios em leilões e o preço médio de um impala branco era de US$ 616 mil.

Caçador com antílope
Foto: Reuters/Siphiwe Sibeko

Além da extrema crueldade da caça, existem os perigos intrínsecos à reprodução intensiva de animais de estoque genético limitado, gerando problemas associados à endogamia, incluindo a viabilidade reduzida e a fertilidade, revela o Quartz.

Os criadores venderam os animais por preços elevados em 2015.  No início de 2016, os preços começaram a diminuir e a desvalorização continuou de forma considerável. Os impalas pretos custavam menos de $ 750 (1,7% do preço de 2012) e o impala branco $ 3,600, 0,5% do preço máximo de 2014.

Muitos fazendeiros se tornaram criadores de espécies raras, piorando o problema.

Os anúncios sobre a caça de animais coloridos estão em publicações relacionadas à pecuária. Nos últimos dois anos, as principais vítimas foram búfalos, zibelinas e palancas-vermelhas criados em cativeiro. Eles são normalmente coloridos, mas muitos possuem grandes chifres, uma característica que está sendo intencionalmente criada pelos exploradores.

Esses animais são considerados como as espécies de alto valor “da moda” e, com a variedade de cores, os preços para matá-los têm aumentado. Um búfalo foi vendido por US$ 12,6 milhões em 2016.

A caça dessas espécies – especialmente após o assassinato do leão Cecil no Zimbábue – desperta uma grande indignação no público e mostra a ganância dos abusadores.

Além disso, estimula práticas de ecoturismo como a venda de mergulhos com tubarões, passeios de barcos próximos a colônias de aves, entre outras.

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