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AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO

Fazendeiro mata mais de 100 crocodilos após tufão danificar o cercado onde eram aprisionados

Além de viverem em cativeiro, os crocodilos eram mortos para a retirada de seu couro e a venda de sua carne

29 de setembro de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: Courtesy CrocodileLamphun

Um fazendeiro de crocodilos-siameses tailandês, conhecido pelo apelido “Crocodile X”, assassinou 125 crocodilos criticamente ameaçados de extinção para que eles não escapassem depois que um tufão danificou o cercado onde estavam. Os animais eram criados para que seu couro e carne fosse vendido.

Natthapak Khumkad, 37, tem uma fazenda de crocodilos em Lamphun, no norte da Tailândia, e tomou a decisão de matar os crocodilos siameses quando percebeu que uma parede que segurava o cercado, onde eles eram aprisionados, corria o risco de desabar.

Originalmente, o negócio da família de Natthapak era vender leitões e bezerros assados, mas, ao perceber a quantidade de resíduos que sobrava, decidiu usá-los para alimentar os crocodilos. A família comprou cinco crocodilos e começou a criá-los para a vender seu couro.

A fazenda fornece peles de crocodilo para fábricas de couro, vende carne congelada na Tailândia e exporta carne de crocodilo seca para Hong Kong.

Além disso, Natthapak explora os crocodilos para anunciar o negócio da família em vídeos, onde ele aparece realizando acrobacias com os répteis. Em um vídeo compartilhado com a CNN, Natthapak aparece deitado em uma banheira enquanto dezenas de filhotes de crocodilo sobem sobre ele.

Natthapak ainda possui 500 filhotes de crocodilo, que têm entre 30 e 120 centímetros de comprimento.

Os crocodilos siameses são considerados criticamente ameaçados de extinção, com algumas estimativas apontando que sua população seja de apenas algumas centenas. Apesar disso, eles continuam sendo vendidos e aprisionados na Tailândia.

Eles já foram encontrados em grande parte do Sudeste Asiático, mas a caça e a criação em larga escala diminuíram drasticamente a população de crocodilos siameses na natureza.

No início deste ano, 60 ovos de crocodilos siameses eclodiram no Camboja, o maior evento de reprodução registrado para a espécie neste século.

Nota da Redação: a situação envolvendo a fazenda de crocodilos de Natthapak Khumkad revela as consequências cruéis e injustificáveis de manter animais selvagens em aprisionados, especialmente espécies criticamente ameaçadas, como os crocodilos siameses. Em vez de garantir a proteção desses répteis, mantê-los presos em um ambiente artificial os condena a uma vida de sofrimento, culminando em mortes desnecessárias e violentas, como ocorreu neste incidente.

Este caso expõe a falta de planejamento adequado para situações de emergência, o que inevitavelmente coloca em risco a vida de animais inocentes. Alegar que matar os crocodilos foi a “decisão mais difícil” não pode ser usado como justificativa para a crueldade cometida. A vida selvagem não deveria ser sacrificada para evitar um risco que foi criado pela própria existência da fazenda e pela exploração dos animais.

Os crocodilos siameses são criticamente ameaçados, e vê-los reduzidos a meros produtos de consumo ou criados para o comércio é uma afronta à conservação de espécies e à proteção animal. Esses animais, que já foram encontrados em grande parte do Sudeste Asiático, hoje enfrentam a extinção devido à caça e à criação em massa para fins comerciais. O valor econômico atribuído à criação de crocodilos não pode justificar a perda de vidas e o sofrimento imposto a esses seres.

A decisão de criar crocodilos para alimentar uma indústria gananciosa, seja vendendo peles para fábricas de couro ou carne para consumo, não se justifica diante do sofrimento imposto a esses animais. Vídeos de Natthapak realizando “acrobacias” com crocodilos, ou deitando-se em banheiras com filhotes, são exemplos de como a vida selvagem é desrespeitada e transformada em entretenimento grotesco.

Em vez de incentivar essa indústria cruel, devemos questionar o uso de animais selvagens para lucro e tomar uma posição firme em favor de alternativas que respeitem sua vida e bem-estar. A proteção das espécies deve ser centrada em esforços para garantir que esses animais vivam livres em seus habitats, e não confinados, explorados e mortos quando sua presença se torna inconveniente.

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