Por David Arioch
Na última terça-feira, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou relatório do senador Wellington Fagundes (PR-MT), que quer tornar o dia 4 de outubro o Dia Nacional do Rodeio, conforme Projeto de Lei Complementar (PLC) 108/2018.
Isso significa que o Dia Nacional do Rodeio pode ser celebrado no Dia Mundial dos Animais, que também é Dia de São Francisco de Assis. Mas será que Francisco de Assis ou os animais que são obrigados a participarem dos rodeios concordariam com isso? De qualquer forma, a análise do projeto será encaminhada para o Plenário do Senado.
Em sua justificativa, Wellington Fagundes destacou que é médico veterinário e que, ao contrário do que é disseminado de forma equivocada, nos rodeios o bem-estar do animal está em primeiro lugar.
Se isso é verdade, por que a cada ano cresce no Brasil e no mundo as campanhas e a oposição popular aos rodeios? A verdade é que mais pessoas estão entendendo que a defesa dos rodeios não tem nada a ver com a defesa da tradição, mas sim com dinheiro.
Há menos de duas semanas, a ONG Bendita Adoção divulgou um vídeo registrado por moradores de Londrina (PR) que mostra animais recebendo golpes na cabeça fora da arena da ExpoLondrina.
No ano passado, no Adamantina Rodeo Festival, um touro fraturou as duas patas traseiras. Há inúmeros relatos e testemunhos contra os rodeios. Pouco se fala também no estresse ao qual o animal é submetido na arena em decorrência não apenas da violência física, mas também do barulho, da narração do locutor e da gritaria.
Instituir o Dia Nacional do Rodeio, e no Dia dos Animais, é zombar dos animais e dos brasileiros. A defesa da atividade na realidade tem apenas um interesse – econômico. O rodeio sequer é brasileiro, logo não faz o menor sentido associá-lo à ideia de elemento cultural nacional.
Com exceção da montaria em cutiano, todos os outros elementos do rodeio são importados dos Estados Unidos – incluindo trajes, equipamentos e termos. Na defesa da prática, Fagundes disse que o rodeio nasceu do trabalho nas fazendas. Sim, mas não no Brasil. Prova disso é que o verdadeiro sertanejo brasileiro, criado na roça, não se veste e nunca se vestiu como o romanesco “cowboy americano”.