A SC-108 (Rodovia Júlio Gaidzinski), entre os bairros Mina Brasil e São Simão, em Criciúma, transformou-se em um corredor preocupante para a fauna. Em poucos metros, animais silvestres e domésticos têm a vida interrompida diariamente ao tentar atravessar uma estrada que corta áreas de mata ativa e divide a Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro Cechinel. O cenário, além de ambientalmente grave, representa um risco real para quem trafega pelo local.
O biólogo e ambientalista, Vitor Bastos, publicou um vídeo em seu Instagram com fotos e números que chocam. Ele relatou que desde 2014 monitora o trecho e registra cada atropelamento.
“Somente neste ano, três cachorros-do-mato foram atropelados, sete quatis, uma mão-pelada, dois ouriços, dois furões e dezenas de gambás. São lagartos, aves como saracuras e araquãs morrendo em um trajeto de cerca de 600 metros”, afirmou.
No vídeo, Vitor destacou que as mortes não afetam apenas os animais encontrados na pista. “Quanto mais atropelamento, pior fica a variabilidade genética daquela população. A rodovia impede que os animais se encontrem, se reproduzam e mantenham a floresta saudável”, disse.
Segundo ele, o trecho funciona como uma barreira invisível que empurra espécies locais para um processo de extinção silenciosa.
O impacto também chega às pessoas. Vitor Batos lembrou que já houve acidentes graves envolvendo capivaras, animais de grande porte.
“Já teve gente que morreu depois de bater em capivara, principalmente motociclistas. Então isso não é só sobre os animais, é sobre segurança humana”, alertou no vídeo.
Para o ambientalista, a solução é possível e urgente. Ele defende cercas, passagens de fauna, redução de velocidade e sinalização adequada. “Seria bom para os animais, para os motoristas e para a cidade de Criciúma. Uma ação dessas mostraria que a cidade se importa com a vida”, afirmou.
Vitor também criticou a falta de sensibilidade em relação ao tema. “A maior parte da população nunca teve proximidade com a fauna, por isso existe essa extinção cultural. A gente precisa se unir para garantir que os animais possam ir e vir e que a floresta continue viva”, concluiu.
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Fonte: 4oito