A fauna da Baixada de Jacarepaguá (RJ) corre risco de sofrer mais baixas nos próximos anos. Ambientalistas estão preocupados com o destino de espécies que restaram da fauna local, rica no passado. A poluição, o crescimento desordenado e a caça são alguns fatores responsáveis pela aniquilação gradativa de animais de mangue e restinga — vegetação típica da região.
A fauna da Baixada de Jacarepaguá foi registrada em 1936 pelo naturalista Armando Magalhães Corrêa, na obra O Sertão carioca. Onças e tamanduás eram comuns na região. Com o passar do tempo, a expansão da cidade fez com que sobrassem apenas as espécies consideradas mais fortes pelos especialistas: jacarés, capivaras, gambás, saracuras-do-brejo e colhereiros. São animais com mais capacidade de sobrevivência em meio à poluição e a ocupação humana.
“Os últimos refúgios de mangue e restinga estão desaparecendo. Os animais que restaram são aqueles que conseguiram se adaptar no meio da sujeira”, explica o ambientalista Mario Moscatelli.
Especialista no meio ambiente do bairro, ele alerta para a prática da caça, que estaria crescendo nos últimos meses. O ato criminoso ocorreria principalmente nas Vargens e na Lagoa da Tijuca, perto de Rio das Pedras, em Jacarepaguá. A prática contribui para aumentar o risco de extinção até das espécies que conseguiram sobreviver ao crescimento desordenado da baixada.
“Por um lado, suprimem o ambiente dos animais; por outro, eles são caçados. Se nada for feito, até esses animais, que são tão característicos de Barra e adjacências, podem sumir do mapa. Certa vez encontrei, em um trecho de 500 metros da Lagoa do Camorim, armadilhas para pássaros a cada dez metros”, relata Moscatelli.
Fonte: O Globo