Semana Santa é entre outras coisas a época em que lembramos que no Brasil se pratica a Farra do Boi. Como todos os anos, as autoridades prometem reprimir os “farristas”. Os quais, como todos os anos dão um jeito de manter o triste espetáculo de sadismo explícito nas praias de Santa Catarina.
A Farra do Boi surgiu no Brasil como uma tradição de pescadores originários das ilhas portuguesas dos Açores, estabelecidos no litoral catarinense. A “festa”, ligada a interpretações locais da Paixão de Cristo seria um equivalente a “malhar o Judas”. Só que usa animais vivos no lugar de bonecos de pano.
É portanto uma “tradição” que tem que acabar. Manifestações culturais que implicam em crime não podem continuar existindo. Mesmo porque os que praticam essa insanidade hoje nem sabem o que ela significa. Apenas aproveitam a data para encher a cabeça de álcool e torturar animais, geralmente doados por políticos e empresários locais.
Sei que as autoridades estaduais catarinenses tentam reprimir a Farra do Boi. Apreensões são realizadas pela Polícia Militar e farristas são presos quando apanhados em flagrante. O que não impede que essa tradição maldita continue acontecendo em lugares não vigiados.
A Farra do Boi é um problema só de Santa Catarina? Por um lado é um crime localizado e os próprios catarinenses têm prioritariamente a obrigação moral de acabar com ela. Mas para o resto do mundo este é um motivo de vergonha nacional. Assim como o massacre anual baleias piloto nas ilhas Faroe é uma vergonha para a Dinamarca inteira.
O Brasil tem que acabar com a Farra do Boi. E com sua versão “light”, os famigerados rodeios.