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Famosa por promover massacres aos golfinhos, Taiji pretende construir parque marinho

9 de outubro de 2013
4 min. de leitura
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Por Vinicius Siqueira (da Redação)

O "Rio de Sangue" da caça aos golfinhos. (Foto: AP)
O “Rio de Sangue” da caça aos golfinhos. (Foto: AP)

A cidade de Taiji, conhecida no mundo todo pelo massacre à vida marinha promovido anualmente, pretende construir um parque marinho, onde a exploração sobre golfinhos e pequenas baleias será estendida ao entretenimento humano.

Segundo um funcionário da cidade de Taiji, Masaki Wada, o objetivo da construção do parque é obter aumento da atividade turística, ou seja lucrar com o abuso de animais. Wada revela que as autoridades municipais desejam fazer parte da baía da cidade um local onde os visitantes poderiam nadar, utilizar caiaques e interagir com os mamíferos marinhos. O funcionário ainda afirma que no futuro parque a carne de mamíferos marinhos será utilizada para consumo humano.

A construção de um parque marinho para “interação” entre humanos, golfinhos e pequenas baleias, também pressupõe que estes animais serão retirados de seu habitat, terão sua liberdade destruída e serão confinados em cativeiros onde treinadores usarão técnicas brutais (ou drogas) para mantê-los calmos, isso porque o ambiente de confinamento dessa atividade é extremamente estressante para os animais. Baleias e golfinhos são mamíferos extremamente sensíveis e inteligentes e não estão acostumados com o contato com humanos, assim como não estão acostumados a serem subjugados por treinadores inconscientes.

O risco deste tipo de interação mediada por um parque também é o da transmissão de doenças do humano para o golfinho e vice-versa, além à atividade. Eles são tratados como mercadoria para o entretenimento humano, sem qualquer respeito à integridade física, nem reconhecimento de seus direitos e bem-estar.

Histórico sangrento da cidade

O massacre aos golfinhos acontece todo 1º de setembro e vai até o dia 31 de março, nas águas límpidas das enseadas nipônicas que, após o início da atividade, se transformam em águas de sangue. Por volta de 23 mil golfinhos são mortos a cada ano nesta prática de mais de 400 anos da cidade japonesa. São golfinhos adultos e filhotes, que são apunhalados por facões e arpões, e que agonizam por até uma hora nestes campos de assassinatos antes de morrer. Há relatos que descrevem como uma mãe lutou até o fim para não abandonar seus filhotes, que a viram, no fim, sendo capturada e morta por caçadores. Alguns são capturados e vendidos para parques aquáticos do mundo todo por até 200 mil dólares.

Para capturarem os animais com facilidade, caçadores portam barras de ferro que produzem um som desorientador aos golfinhos. Seus sistemas sonares, quando desorientados, os colocam em uma situação de profunda angústia – este é o mecanismo principal de localização destes bichos.

Foto: AP
Foto: AP
A mancha de sangue cobre a baía. (Foto: Reprodução)
A mancha de sangue cobre a baía. (Foto: Reprodução)

O documentário ganhador do Oscar The Cove trouxe à tona o extermínio de golfinhos na cidade que, já com a imagem desgastada no mundo todo, deseja recuperar algum prestígio. No início de 2013, 42 cidades de 21 países realizaram simultaneamente manifestações em frente aos consulados japoneses. No Brasil, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo foram as cidades com manifestações pela causa animal.

Alguns são arrastados até os mercados da cidade. (Foto: Reprodução)
Alguns são arrastados até os mercados da cidade. (Foto: Reprodução)

Segundo grupos extra-governamentais, para o governo do Japão, os golfinhos comem muitos peixes e prejudicam a indústria pesqueira, portanto, o massacre anual é tido quase como uma atividade pelo bem da sociedade. Uma atividade “sustentável”. O horror desta argumentação está na tentativa de justificar uma ato brutal de milhares de mortes, da transformação de uma baía cristalina em uma baía vermelho-sangue, para o bem da atividade de pesca da região. Mas a própria atividade de pesca já é, também, condenável. A própria atividade de pesca “regular” já é a morte de dezenas, talvez centenas de animais por dia.

O massacre é considerado uma tradição. Entretanto, tradições não são justificativas éticas para uma dada ação. As touradas são tradicionais, mas ninguém duvida que sua prática seja horrenda e cruel, o mesmo vale para o massacre de golfinho que, como o nome já diz, carrega consigo o fardo de assassinatos intermináveis. Os governantes do país preferem não tocar no assunto, assim evitam qualquer associação com a prática, porém uma ação que coíba o massacre anual precisa partir, também, do próprio governo japonês. A lei e a fiscalização precisam ser ferramentas em prol dos animais.

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