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Faminta e subnutrida, cadela devorada viva por larvas é resgatada em Itupeva (SP)

21 de abril de 2020
6 min. de leitura
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Hope conheceu o lado mais sórdido do ser humano. Sem água, comida e cuidados, ela agonizava em uma casa, sob o olhar de seu tutor, com larvas devorando-a viva. No início do mês de abril, foi resgatada em Itupeva (SP), no local onde vivia, por uma protetora que, dias antes, soube do caso.

Além das medidas judiciais cabíveis terem sido tomadas, uma campanha de arrecadação de fundos para garantir o tratamento médico da cadela está sendo realizada (confira os dados bancários ao final desta notícia).

Divulgação

Após o resgate, a cadela foi levada a uma clínica veterinária, onde foi diagnosticada com subnutrição grave e leishmaniose. Segundo Cris Patinhas, como é conhecida na cidade a protetora de animais que resgatou Hope, o rosto da cadela estava tomado por miíase – uma infecção de pele causada por larvas de moscas, popularmente chamada de “bicheira”.

“Ela perdeu um dos olhos por causa da bicheira e corre o risco de perder o outro”, explicou Cris, em entrevista exclusiva à Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA).

No momento do resgate, o tutor da cadela se negou a entregá-la e alegou que estava cuidando dela. No entanto, a protetora conseguiu resgatar o animal com a ajuda da Guarda Civil Municipal e de outras pessoas que estavam presentes – dentre elas, Ângela Cavalcante, do grupo Tomba Lata, e a denunciante, que também alimentou e medicou Hope até que o resgate ocorresse.

“Ela estava sem cuidado algum, num local imundo. Quem estava alimentando era a pessoa que me pediu ajuda para resgatá-la. Ela está magra e ficava sem água, sem comida, no meio de suas fezes, com aquela bicheira gigante no rosto. Infelizmente é isso”, contou Cris.

O objetivo das pessoas envolvidas no resgate é deixar o sofrimento apenas no passado de Hope. No entanto, a batalha a ser enfrentada ainda é grande e a cadela corre risco de morte, já que seu quadro de saúde é grave.

Após receber os cuidados necessários em uma clínica veterinária, Hope foi levada para o santuário Shambala. O local se tornou o novo lar da cadela desde que Andrea Freixeda, bióloga fundadora do santuário, decidiu adotá-la.

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Andrea contou à ANDA que abriga um número limitado de animais no santuário porque mantém o local com seus próprios recursos e não tem condições de receber todos os animais abandonados e vítimas de maus-tratos. “Bem que eu gostaria, mas não posso porque, até então, mantinha o santuário com recursos próprios”, explicou. Excepcionalmente para o caso de Hope, que demanda investimentos financeiros maiores devido à gravidade do seu estado de saúde, Andrea teve que passar a contar com a solidariedade da sociedade para arrecadar fundos para o tratamento.

Apesar de ter limitações no que se refere à adoção de animais, Andrea foi tocada pela história de Hope e decidiu adotá-la. “A empatia para mim é assim: são seres de luz que me moldam, que me  fazem ser melhor. A gente exercer a bondade, poder tratar de um animal que precisa é algo maravilhoso. Pessoas também? Também, quando precisam sim. Mas um animal é mais do que isso, porque ele não se comunica e está à mercê. Então, dentro de quatro paredes sou eu e o animal. Quando eu posso dar o meu melhor para ele, eu tenho certeza que eu estou fazendo a melhor coisa do mundo, porque não tem ninguém para assistir e eu estou sendo tão sincera que é uma coisa diretamente com Deus. Para mim, é quase como um sacerdócio poder tratar desses animais, servi-los. Eu sou uma pessoa que serve essas criaturas e para mim não tem coisa mais santa do que fazer isso”, disse a bióloga, que também é terapeuta e já atuou como perita judicial em casos de maus-tratos a animais.

O Shambala, para onde Hope foi levada, é um santuário dedicado a abrigar animais doentes, idosos e, muitas vezes, em estado terminal. “Aqui só têm animais especiais. E é gostoso ter um lugar assim, que nasceu da necessidade de ter um espaço para adequar o que eu tinha para oferecer aos animais. Com a ajuda de amigos veterinários, ofereço tratamentos aos animais, como acupuntura, homeopatia, florais, radiestesia, cromoterapia e ozonioterapia”, explicou Andrea.

De acordo com a bióloga, todos os animais que recebem cuidados do ser humano são agradecidos, mas aqueles que são mais frágeis e sofrem mais são ainda mais gratos. “São os que eu gosto de me dedicar mais. Um cachorrinho bonitinho todo mundo quer, mas um animal na situação da Hope ninguém quer, muitas pessoas têm nojo, inclusive. E eu não. Eu me sinto bem podendo fazer o bem para um ser que realmente necessita”, relatou.

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Embora seja doloroso ver o sofrimento de um animal, a alegria em poder ajudá-lo, vivenciada por Andrea, é compartilhada pela protetora Cris. “Para mim, ter retirado a Hope daquele lugar, mais que salvar a vida dela, foi resgatar a dignidade de um anjo. Hope é um anjo, que foi negligenciada durante meses por quem deveria ter cuidado dela. Em seu olhar, ao me ver chegando, eu tive a certeza de ver: ‘meu sofrimento acaba aqui'”, disse.

Campanha de arrecadação de fundos

O tratamento para a leishmaniose é de alto custo. Sozinhas, a protetora Cris e a bióloga Andrea não conseguem arcar com os gastos do medicamento e, por isso, iniciaram uma campanha de arrecadação de recursos destinados ao tratamento de Hope.

O remédio que a cadela necessita para sobreviver custa R$ 1,2 mil e, segundo Cris, não é possível saber ainda por quanto tempo a cadela precisará ingeri-lo, “mas estimamos seis meses”.

Através de uma publicação no Facebook (confira clicando aqui), Andréa iniciou a campanha de arrecadação. Interessados em colaborar, doando qualquer quantia, devem destinar os valores para uma conta do Banco Itaú em nome de Andrea Filomena Freixeda. Os dados bancários são: agência 7977 e conta corrente 09378-5. Doadores que necessitarem do CPF da bióloga para fazer a transferência devem solicitá-lo pelo Facebook de Andrea ou através do WhatsApp, por meio do número 11 97016-6157.

Confira um vídeo do momento do resgate de Hope (as imagens são fortes):


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