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Falta de informação leva cães ao abandono em São Paulo

5 de dezembro de 2013
3 min. de leitura
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(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)

A falta de informação é um fator decisivo no abandono de cães na cidade de São Paulo. Foi o que concluiu a pesquisa de João D’Andretta, realizada na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. O abandono de animais domésticos é um dos maiores problemas enfrentados pelo Centro de Zoonose (CCZ) do País.

Para D’Andretta, “a falta de informação sobre os perigos que o abandono de animais acarreta à população é flagrante” e a solução é mais simples do que parece: projetos educacionais. “As políticas públicas utilizadas no País até agora não foram eficientes. É necessário pensar em novos métodos que estejam alinhados com a realidade brasileira.”

O estudo foi realizado no bairro Vargem Grande, com o envolvimento das ONGs Associação Habitacional Condomínio Vargem Grande (Achave) e a Sociedade Beneficente Quintal de São Francisco. O local foi escolhido por sua delimitação natural com a mata atlântica e pelo acesso restrito, que diminui a interferência de migrações de animais no estudo.

Fatores que influenciam a decisão

A pesquisa concluiu que são quatro os fatores principais que influenciam no abandono. Entre eles, cães com idade inferior a dois anos, pois filhotes costumam ser muito agitados, o que pode não ser compreendido pelos tutores; não vacinar ou não levar a consultas veterinárias, posto que quanto menos cuidado é dispensado ao animal, menor a relação afetiva com o mesmo.

Além disso, animais sem permissão para entrar na casa e adoção de um ou mais animais nos últimos doze meses também interferem no abandono: no primeiro caso, conclui-se que cães que habitam o ambiente interno das casas geralmente ganham mais afeto, ou seja, há um estreitamento do laço afetivo, ao contrário de cães que são mantidos apenas nos quintais e áreas externas e vistos como cães de guarda. O segundo fator pode levar ao abandono devido às desavenças entre os animais e aumento de gastos, sujeira e latidos.

D’Andretta também analisou o caso dos gatos abandonados. Porém, “a quantidade de felinos incluídos no estudo não me permitiu fazer interferências estatísticas significativas”, conta. Ademais, a literatura sobre o tema é extremamente escassa e seria necessário mais tempo para se aprofundar no assunto.

São poucos os trabalhos desenvolvidos na área do abandono de animais. Deste modo, a criação de novas políticas públicas para prevenir esse crime é defasada. Muitas ações realizadas no país são replicadas de projetos internacionais. “No entanto, os fatores que levam ao abandono estão intimamente relacionados com a cultura e desenvolvimento do país. Ou seja, nem sempre o fator que leva ao abandono nos Estados Unidos é o mesmo que aqui no Brasil. Quanto mais estudos regionalizados produzirmos, mais perto estaremos de uma política eficaz.”

D’Andretta acredita também ser possível traçar um perfil detalhado de tutores de animais mais propensos ao abandono com mais estudos. “A aplicação de um questionário e uma entrevista antes da compra ou adoção de um animal de estimação pode apontar fragilidades dessa relação.”

Fonte: AUN Agência Universitária de Notícias

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