A pandemia do coronavírus casou o cancelamento de mais de 50 espetáculos tauromáquicos na Espanha e poupou temporariamente a vida de mais de 300 touros. O grupo em defesa dos direitos animais AnimaNaturalis, aponta que a quarentena e o distanciamento social imposto pelo surto viral oportuniza o debate sobre a real necessidade de torturar e matar touros apenas para o deleite humano como uma forma de “expressão cultural”.
O grupo ativista sugere que esta quarentena seja um período de reflexão sobre a verdadeira solidariedade, compreensão e empatia para todas as espécies. Enquanto a AnimaNaturalis fala sobre amor, José Manuel Rodríguez Uribe, ministro da Cultura da Espanha, fala sobre repassar recursos públicos para que o setor de touradas não vá à total falência e seja definitivamente abolido devido à crise econômica. O anúncio teve repercussão negativa.
Uma pesquisa realizada pela World Animal Protection apontou que 84% dos espanhóis com idades entre 16 e 24 ano não são a favor da realização de touradas e não sentem orgulho de viver em um país que permite este tipo de prática extremamente medieval e cruel. A maioria do povo espanhol se opõe às touradas e ao uso desproporcional de fundos públicos para financiá-las. Apenas oito por cento da população espanhola ainda participa de torneios de touradas.
Segundo o estudante de doutorado Guillem Rubio, a insistência na realização de touradas é contra a vontade da população. “A tourada é considerada pela maioria dos jovens como uma tradição ou espetáculo desatualizado que não tem lugar em nossa sociedade. Existe uma opinião ‘senso comum’ cada vez mais generalizada, que afirma que os animais podem ser comidos, mas nunca devem ser torturados por diversão”, afirma.
Novas gerações estão liderando uma verdadeira luta contras as touradas organizando protestos e usando as redes sociais para conscientizar a população e pressionar governos para a proibição da prática. Em maio de 2018, mais de 40 mil pessoas tomaram as ruas de Madrid pedindo o fim de touradas. Mais de 17 grupos em defesa dos direitos animais se posicionaram contra o espetáculo cruel. As Ilhas Canárias e a Catalunha já proibiriam e abriram precedentes para que mais cidades decretem o fim dessa prática bárbara.