Os recém-nascidos do cavalo-marinho-de-focinho-curto (Hippocampus hippocampus), uma espécie nativa da costa portuguesa, são especialmente sensíveis à redução drástica dos níveis de oxigênio na água.
A descoberta foi feita por pesquisadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), em um artigo publicado recentemente na revista Marine Environmental Research.
Em comunicado, a equipe afirma que esta é a primeira vez que se estudam as respostas fisiológicas e comportamentais de filhotes de cavalos-marinhos a episódios de hipóxia. Os resultados derivam de experimentos realizados em laboratório, envolvendo um total de 115 H. hippocampus recém-nascidos, criados em cativeiro no Laboratório Marítimo da Guia.
Durante 12 horas, os animais foram expostos a um ambiente com apenas 27% do oxigênio que normalmente está dissolvido nas águas em que vivem.
Os dados obtidos são “preocupantes”, alertam os pesquisadores, já que os baixos níveis de oxigênio provocaram uma redução “significativa” da frequência cardíaca e da respiração dos cavalos-marinhos. Além disso, também foram registrados sinais de letargia e uma diminuição da atividade locomotora.
Contudo, a equipe afirma que o resultado mais “alarmante” foi a redução da capacidade dos recém-nascidos de detectar e escapar de predadores. Em laboratório, os cientistas introduziram nos tanques sinais químicos que simulavam a presença de predadores, mas “eles se mostraram incapazes de reagir de forma eficaz, comprometendo assim sua capacidade de sobrevivência no ambiente natural”.
Essa pesquisa deve servir como alerta, já que os episódios de desoxigenação marinha estão se tornando mais frequentes e intensos, especialmente devido ao agravamento das mudanças climáticas e a fenômenos de grande proliferação de algas nocivas.
Os cientistas alertam que a perda de oxigênio nos ecossistemas costeiros pode ter impactos severos nas populações de cavalos-marinhos, que já enfrentam outros tipos de ameaças à sua sobrevivência, como a degradação do habitat e a captura ilegal.
Ao identificar os efeitos fisiológicos e comportamentais da hipóxia logo após o nascimento, essa investigação, sustentam seus autores, fornece dados fundamentais para a conservação e gestão das populações de cavalos-marinhos.
Além disso, os resultados ressaltam a importância de considerar não apenas os adultos, mas também os estágios iniciais de vida nas estratégias de proteção e recuperação da espécie.
Fonte: Greensavers