O Parque, declarado Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), abriga entre 2,5 mil e três mil elefantes, a maior concentração do oeste da África. Também tem 15 mil búfalos, e grandes quantidades de antílopes e grandes felinos, entre eles leopardos, leões e guepardos. Além disso, cerca de 450 espécies de aves habitam a reserva transfronteiriça, onde também vive o muito ameaçado cão selvagem africano.
Sua administração inclui grupos de manejo da natureza, que reúnem pessoas que vivem próximo, governo e operadores com concessões para caçar em áreas designadas. Segundo o Ministério de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Burkina Faso, os grupos criam consciência sobre a importância de os agricultores protegerem a biodiversidade. Em troca, eles também se beneficiam financeiramente do Parque.
A escassez de chuvas tem impacto desastroso na natureza: muitas espécies, como macacos e alguns antílopes, já estão morrendo em quantidades preocupantes, alertou Kafando. “O Parque recebe habitualmente 950 milimetros anuais de água. Mas nesta temporada foram apenas 600-650 milímetros. A maioria de nossos poços secou e a situação é catastrófica”, contou à IPS.
O instinto de sobrevivência leva os elefantes a cavarem em leitos de rios secos, onde as camadas freáticas estão perto da superfície. “Contudo, estes poços também são armadilha para os búfalos, que ficam presos neles”, explicou Kafando. Além disso, elefantes e outras espécies buscam água e alimentos fora do Parque.
“Observamos animais fora de seu território habitual, no oeste do Parque Regional W. estes movimentos incomuns de elefantes e búfalos são causados pela falta de água. E não será surpresa se atrás de uma manada de búfalos se encontrar um leão ou um leopardo”, comentou Bélemsogbo.
A possibilidade de grandes animais cruzarem as fronteiras do Parque é confirmada por Célestin Zida, diretor provincial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da província de Tapoa. “Os leões estão abandonando o Parque e comendo os burros pertencentes aos agricultores locais. Também houve muitas queixas de gente que perdeu sua produção de grãos” por culpa dos elefantes, advertiu Zida.
Desde o final de 2011, o governo gastou US$ 180 mil para criar pontos hídricos artificiais, perfurando e instalando bombas alimentadas a energia solar para aliviar a escassez de água. Alguns dos operadores de caça autorizados criaram poços semelhantes. “Temos que adotar medidas preventivas”, ponderou um deles, Benjamin Traoré, que perfurou quatro poços em suas terras, no leste de Burkina Faso.
Um plano de emergência de US$ 700 mil entregues pelo Banco Mundial pretende perfurar 30 novos poços e reabilitar outros, bem como alugar caminhões-tanque para voltar a encher os tanques existentes, segundo Bélemsobgo. Nos próximos cinco anos, um programa mais amplo, apoiado pela União Europeia, no valor de US$ 22,4 milhões, estabelecerá pontos hídricos, harmonizará o manejo de todo o Parque e incentivará o turismo, ponderou o funcionário.
Zida foi contundente: “Temos que fazer todo o possível para proteger estes animais, porque se os perdermos não voltaremos a ver alguns deles nunca mais”.