Mais um caso previsível e facilitado pelo homem, resultou na morte de vários animais no Zoológico de Melbourne, na Austrália. Uma raposa-vermelha, vítima da introdução humana forçada no ecossistema australiano no século XIX, entrou em um recinto e matou três potoroos-de-nariz-comprido, uma espécie já vulnerável à extinção.
Apesar de muros altos, cercas com arame farpado e monitoramento, a raposa conseguiu entrar, expondo os animais aprisionados a uma morte totalmente evitável. Vale lembrar que essas mesmas espécies, se tivessem a liberdade de viver em seus habitats naturais preservados, poderiam contar com seus próprios mecanismos de defesa, em vez de depender de grades e muros incapazes de protegê-los.
A presença da raposa-vermelha na Austrália é resultado da introdução deliberada feita por colonizadores no século XIX para a prática da caça. Hoje, o animal é apontado como vilão do declínio da fauna nativa, mas a responsabilidade é humana, tanto pela introdução da espécie exótica quanto pela destruição de ecossistemas. Criminalizar a raposa apenas perpetua a lógica de exploração e controle da natureza.
O mesmo zoológico foi palco, em 2015, de outra tragédia. Na ocasião, 14 pinguins foram mutilados também por uma raposa. O caso deveria ter servido de alerta definitivo sobre os riscos do confinamento, mas a repetição prova que a estrutura desses locais não é capaz de garantir segurança e que os humanos não se importam com isso.
O zoológico afirmou que “medidas adicionais de segurança e monitoramento” foram implementadas, mas não explicou de que forma lidou com a raposa invasora, apenas alegando que o animal foi “tratado humanamente”. A falta de transparência levanta dúvidas sobre o real destino dela.
A proteção de espécies vulneráveis como o potoroo não se dará trancafiando-os em parques cercados por predadores introduzidos por nós mesmos, mas através da proteção de seus ecossistemas e de programas de reprodução em ambientes controlados e não abertos ao público.