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AQUECIMENTO GLOBAL

Extremos de calor e chuva estão muito além dos padrões históricos

15 de julho de 2025
5 min. de leitura
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Foto: Reprodução/X

O artigo “Increasing heat and rainfall extremes now far outside the historical climate” da npj Climate and Atmospheric Science, explora como o aquecimento global impulsionou um aumento sem precedentes em eventos de calor extremo e chuvas intensas.

Os autores, Alexander Robinson e sua equipe, demonstram que, mesmo com um pequeno aumento de temperatura, a frequência de ondas de calor severas e recordes de precipitação aumentou exponencialmente, tornando-se praticamente impossível sem a influência humana.

A pesquisa destaca que regiões tropicais, apesar de contribuírem menos para as mudanças climáticas, são as mais afetadas por esses extremos.

O estudo utiliza análises de anomalias de temperatura e eventos de recorde de chuva para comprovar que as condições climáticas atuais estão muito além dos padrões históricos.

Temas Principais:

  1. Aceleração dos Extremos de Calor: O aquecimento global, mesmo em pequenos incrementos, tem levado a um aumento desproporcional na frequência e intensidade dos extremos de calor, especialmente os mais severos.

  2. Aumento dos Recordes de Chuva: Eventos de chuva recorde continuaram a crescer globalmente, com uma parcela significativa atribuível às mudanças climáticas.

  3. Impacto Desproporcional nas Regiões Tropicais: As regiões tropicais, apesar de terem contribuído menos para as mudanças climáticas antropogênicas, estão experimentando os aumentos mais fortes nos extremos de calor e chuva, tornando-as particularmente vulneráveis.

  4. Atribuição Clara às Mudanças Climáticas Antropogênicas: Muitos eventos extremos recentes, como ondas de calor e incêndios florestais, são “virtualmente impossíveis” de terem ocorrido sem a influência humana no clima.

  5. Implicações Futuras: A tendência de aumento de extremos mais intensos e frequentes e novos recordes de calor e precipitação é esperada, representando riscos críticos para as populações globais.

Ideias e Fatos Mais Importantes:

  • Aquecimento Recente e Suas Consequências: “Na última década, o mundo aqueceu 0,25 °C, em linha com a tendência aproximadamente linear desde a década de 1970. Aqui apresentamos análises atualizadas mostrando que essa mudança aparentemente pequena levou ao surgimento de extremos de calor que seriam virtualmente impossíveis sem o aquecimento global antropogênico.” Este pequeno aquecimento resultou em impactos extremos e desproporcionais.

  • Aumento Não Linear dos Extremos de Calor: O estudo destaca uma relação não linear entre o aquecimento global e a ocorrência dos extremos de calor mais intensos.

  • Durante o período de referência (1951-1980), extremos de calor de 4-sigma (quatro desvios padrão acima da média) eram “essencialmente inexistentes”, com uma probabilidade esperada de 0,003%.

  • No entanto, “a ocorrência de extremos de 4-sigma, ainda quase ausente na primeira década deste século, afetou ~3% da área terrestre durante 2011-2020, refletindo um aumento de aproximadamente 1000 vezes em comparação com 1951-1980.”

  • Os extremos de 3-sigma aumentaram aproximadamente 90 vezes no mesmo período (de 0,1% para 9% da área terrestre).

  • Isso significa que “o aumento aproximadamente linear da tendência de aquecimento global de ~0,2 °C/década resulta em um aumento não linear no número dos eventos extremos que excedem o limiar mais alto.”

  • Recordes de Temperatura Mensais: O número de temperaturas mensais recorde observadas aumentou “para 8 vezes as esperadas em um clima sem aquecimento de longo prazo”.

  • Eventos Extremos Impulsionados por Mudanças Climáticas:

  • A onda de calor prolongada na Sibéria e na Austrália em 2020 teria sido “virtualmente impossível sem as mudanças climáticas”. A onda de calor siberiana causou incêndios florestais massivos (liberando 56 Megatoneladas de CO2) e colapso de infraestrutura devido ao derretimento do permafrost. Os incêndios florestais australianos (“Black Summer”) resultaram em 34 fatalidades, milhões afetados pela má qualidade do ar e a perda de 0,5 a 1,5 bilhão de animais selvagens.

  • As temperaturas recordes em partes dos EUA e Canadá em 2021 (quase 50°C a 50°N) também foram “praticamente impossíveis sem a influência humana no clima”.

  • Aumento dos Recordes de Chuva:

  • “Recordes de chuva continuaram a aumentar em todo o mundo e, em média, 1 em cada 4 recordes de chuva na última década pode ser atribuído às mudanças climáticas.”

  • Até 2016, a anomalia do recorde diário de chuva atingiu cerca de +30% na última década em áreas terrestres amostradas.

  • Este aumento é esperado pela termodinâmica básica (equação de Clausius-Clapeyron: o ar pode reter 7% mais umidade por grau de aquecimento).

  • Concentração dos Extremos nas Regiões Tropicais:

  • “Regiões tropicais, compostas por países vulneráveis que tipicamente menos contribuíram para as mudanças climáticas antropogênicas, continuam a ver o aumento mais forte nos extremos.”

  • A baixa variabilidade anual da temperatura mensal nos trópicos, combinada com o forte sinal de aquecimento de longo prazo, leva a altas frequências de extremos de calor excepcionais nessas áreas.

  • As regiões subtropicais secas (oeste dos EUA, sul da África, Mediterrâneo, Austrália) tiveram aumentos menores nos recordes de chuva do que as regiões úmidas nos trópicos e latitudes médias.

  • Risco Crescente: “Na próxima década, uma tendência ascendente para extremos mais intensos e frequentes e novos recordes de calor e precipitação deve ser esperada, representando riscos críticos para populações em todo o planeta.”

Em suma, o estudo enfatiza que as mudanças climáticas já estão manifestando eventos extremos que estão muito além da variabilidade natural, com uma aceleração particular nos extremos de calor mais severos e um aumento constante nos recordes de precipitação.

As implicações são particularmente graves para as regiões tropicais, que são as mais afetadas e as menos responsáveis pelas emissões históricas.

Fonte: EcoDebate

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