A ararinha-azul será vista novamente pelo céu da Caatinga, após 20 anos de extinção. Ao total, 22 aves serão soltas em Curaçá (BA), em 11 de junho. O processo de soltura, no entanto, já começou, e representa uma esperança para o ecossistema.
“Estamos vivendo uma crise global da biodiversidade e estamos perdendo muitas espécies em um prazo muito curto”, explica Camile Lugarini, coordenadora do projeto Plano de Ação Nacional (PAN) da Ararinha-Azul. “A ararinha age como uma ave símbolo, que traz essa perspectiva da conservação e melhora desse habitat.”
A espécie foi avistada na natureza pela última vez em meados da década de 90 e, por volta dos anos 2000, recebeu do Ministério do Meio Ambiente o status de extinta. A população da ave diminuiu drasticamente em função do comércio ilegal e da degradação do ambiente.
“É um processo de desgaste antigo, com bastante uso humano e com o problema da escassez de água. E também temos o problema das mudanças climáticas”, diz Lugarini. A veterinária ressalta que a Caatinga é um local de difícil recuperação, e que tende a não receber tanta atenção quanto outros ecossistemas, como a Amazônia.
Recuperação das araras
Em 2012, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) deu início ao projeto que traria os animais de volta ao habitat natural. As 58 aves chegaram ao Brasil no dia 3 de março de 2020, vindas da Alemanha. Desse grupo, 22 foram selecionadas para reabilitação e soltura.
O processo desde então foi longo. As araras ficaram em uma unidade de conservação criada em 2018 especialmente para receber e proteger as aves. O Refúgio de Vida Silvestre Ararinha Azul conta com 30 hectares e permite que as aves tenham contato com o habitat, mas se mantenham protegidas.
No local, as araras-azuis têm a companhia da espécie maracanã, que costuma conviver com as araras na natureza e serviriam como professores. “Eles ficam expostos à atividade dos predadores, ao clima, precisam fazer o reconhecimento e apreensão de novos alimentos. E a maracanã ensina a fugir das ameaças e a usar o ambiente”, afirma Lugarini.
Desde o início de sua adaptação, o grupo se tornou unido e coeso, o que garante mais segurança aos animais. “São passos grandes e lentos. A recuperação de uma espécie não é da noite para o dia, é um longo prazo”, finaliza.
Fonte: Metrópoles