O futuro da Terra está sendo definido hoje. Um estudo feito pelo paleontólogo australiano John Alroy sugere que a extinção massiva de espécies animais, que ocorre atualmente, pode afetar o mundo de modo imprevisível. E a Terra será um lugar tão diferente quanto o mundo atual é diferente da era dos dinossauros. Alroy examinou fósseis de espécies extintas e concluiu que a extinção de um grande número de animais pode alterar totalmente o ecossistema.
A vida existe em nosso planeta há pelo menos 3,5 bilhões de anos, e as extinções em massa costumam acontecer uma vez a cada 200 milhões de anos.
A maioria dessas extinções é provocada por eventos naturais. Como a queda de um asteroide no México, há 75 milhões de anos, que marcou o fim da era dos dinossauros. Sem os dinossauros, os mamíferos, que eram animais pequenos e sem importância, puderam se desenvolver e deram origem a diversidade de criaturas que vemos no planeta, hoje em dia.
Atualmente, vivemos um período de extinção em massa, desta vez, provocado pela ação humana. Que destrói as florestas, polui o planeta e provoca mudanças de temperatura. Em alguns ecossistemas da Terra, as espécies estão desaparecendo de 10 a 100 vezes mais rápido do que acontece normalmente. As mudanças no planeta têm se acelerado tanto, que alguns pesquisadores sugerem que estamos entrando em uma nova era geológica.
Até aqui temos vivido no período Holoceno, que dura 10 mil anos. Nesse período, a humanidade se espalhou por todo o planeta, crescendo de uma população de algumas centenas de milhares de indivíduos para os bilhões da época atual. Os primeiros animais extintos pela ação humana foram vítimas da ação de caçadores. A caça acabou com várias espécies de marsupiais da América Latina e com muitos pássaros da África e das ilhas do Pacífico.
Agora, o aquecimento do planeta está deflagrando outra extinção em massa ao acabar com as florestas chuvosas no cume das montanhas (fenômeno detalhado pelo ecologista Tim Flannery no livro Os Senhores do Clima) e com os recifes de coral do Pacífico. Devido à quantidade de mudanças, um grupo de paleontólogos acredita que já deixamos para trás o Holoceno e entramos em uma nova era, que eles chamam de Era Antropocênica. Uma era caracterizada por uma erosão mais rápida, uma mudança na química dos oceanos, alterações nas temperaturas globais.
E até alterações na biologia que vão de mudanças na época em que as plantas têm flores, a alterações nos padrões de migração de pássaros e mamíferos. De todas, a mais perigosa dessas mudanças é a morte de minúsculos organismos que se encontram na base da cadeia alimentar dos oceanos. Sem eles podemos terminar com mares mortos e estagnados em todo o planeta.
Anteriormente, os biólogos e naturalistas acreditavam que a grande diversidade de espécies podia servir de proteção contra uma mortandade geral. Mas o novo estudo do registro fóssil, feito na Universidade MacQuarie, de Sydney, Austrália, mostra que, quando um grande número de espécies morre, ocorre uma reação em cadeia que acaba também com quase todas as espécies de um determinado ecossistema. O problema dos corais é especialmente preocupante, porque eles abrigam centenas de espécies de peixes e de moluscos e protegem ilhas inteiras de serem destruídas pelas ondas do mar.
Esperança de cura
Na semana passada, morreu na Austrália o único diabo-da-tasmânia que era imune ao câncer facial que está acabando com a espécie. Os diabos-da-tasmânia vivem apenas na ilha da Tasmânia, que fica ao sul do continente australiano. Nos últimos anos, os animais desenvolveram um tipo de tumor que é transmitido pelas mordidas que eles costumam dar na face dos membros de sua espécie. Os tumores crescem provocando uma deformação que acaba impedindo o animal de se alimentar.
Desde que a doença surgiu, em 1996, 70% da população de diabos-da-tasmânia foi sacrificada. Segundo os cientistas, a espécie vai desaparecer em 25 anos se não for encontrada a cura. E o diabo-da-tasmânia existirá apenas nos desenhos animados.
Fonte: Diário do Vale