Por Patricia Tai (da Redação)
O pombo-passageiro já foi a espécie de ave supostamente mais abundante sobre a Terra. Essas aves povoaram a América do Norte durante o século XIX, com bandos ostentando milhões de pássaros que levavam horas para passar pelo céu e formavam quilômetros de extensão.
“Devido ao tamanho dos bandos de aves, os caçadores podem não ter percebido que poderiam causar impacto à população”, disse Janis Sacco, diretora de exposições do Museu de Ciência e Cultura de Harvard, que ajudou a coordenar uma exposição em lembrança do centenário da extinção do pássaro no Museu de História Natural de Harvard.
A exposição chama-se “Final Flight: The Extinction of the Passenger Pigeon”. Não é sem razão que a mostra traz o nome de “O último vôo”, expressão que não se pode deixar de ler com muita tristeza .
O museu rememora a história da ave quando seus bandos enchiam os céus da América do Norte, e relata a sua extinção. Um painel da exposição traz a mensagem: “O pombo era uma tempestade biológica…Anualmente, a tempestade de penas vibrava para cima e para baixo, em todo o continente…uma explosão viajante de vida”, do escritor e ambientalista Aldo Leopold.
Os caçadores podem não ter se dado conta de que os bandos que eles dizimavam estavam entre os poucos bandos existentes pelo continente.
Os pássaros dependem primariamente de seus números para lutar contra predadores naturais, e nunca desenvolvem quaisquer defesas mais sofisticadas.
Então, conforme os humanos destruíram ninhos e mataram milhares desses pássaros ano após ano, a forma primária de defesa dos pombos-passageiros enfraqueceu, e eles tornaram-se mais expostos a outros tipos de ofensores, esgotando-se assim a sua população até que se tornaram extintos, disse Johnson.
Ele lembra que os americanos tinham conhecimento de extinções anteriores induzidas por humanos, tais como a do pássaro dodo no século XVII, mas nenhuma nesta escala. Pode-se afirmar, de acordo com o cientista, que o fim do pombo-passageiro repercutiu no país de tal forma que ajudou a acender o movimento moderno de preservação.
“Pela primeira vez, tomou-se a consciência de que mesmo um pássaro super abundante como o pombo-passageiro teve sua extinção promovida pelas pessoas”, explica John, que acredita que o fato ajudou a elevar a conscientização pública de que humanos podem causar a extinção de animais em uma escala nunca antes vista.
O legado vive
Atualmente, diversos grupos de pesquisadores em todo o território americano estão trabalhando sobre o material de DNA retirado de patas de indivíduos da espécie para tentar trazer de volta o pombo-passageiro.
Segundo Ross MacPhee, zoologista do Museu Americano de História Natural, afirma que a pesquisa genética avançou significativamente nos últimos anos, e pode ser que os cientistas consigam o feito. No entanto, de acordo com o pesquisador, até que ponto esses animais, se recriados, deverão conseguir realizar novamente os espetáculos massivos de seus bandos no céu, é uma questão que permanece sem resposta.