Os planos de exploração petrolífera ao largo da Rússia oriental colocam graves ameaças às baleias-cinzentas (Eschrichtius robustus) que ali se alimentam, alertaram hoje cientistas da Comissão Baleeira Internacional (CBI).
Segundo a BBC online, a empresa Rosneft deverá começar nas próximas semanas testes sísmicos ao largo da ilha Sakhalin. Estes planos deixaram o comité científico da CBI “extremamente preocupado”, o que o levou a pedir um adiamento. A Rússia diz estar consciente do problema e o Governo de Moscovo afirma acompanhar a situação junto da companhia.
Atualmente, as baleias-cinzentas têm apenas duas populações, geneticamente diferentes: no Pacífico Oriental (que migram entre o México e o Alasca) e no Pacífico Ocidental (entre a Rússia e a China). Estas últimas estão criticamente ameaçadas e só existem 130 animais, incluindo 20 fêmeas reprodutoras. Em 2003, a população de baleias-cinzentas ocidentais foram classificadas como Criticamente Ameaçadas pela Lista Vermelha da UICN (União Internacional de Conservação).
Estes animais – cuja zona de ocorrência será ao longo das costas da Rússia, Japão, Coreias e China – dirigem-se todos os Verões a Sakhalin para se alimentarem, numa zona de águas pouco profundas. Os cientistas desconfiam que é aqui que as progenitoras ensinam as suas crias a alimentar-se.
Greg Donovan, coordenador do comité científico da CBI, salientou que os testes sísmicos em Sakhalin “serão realizados durante o período com maior densidade de baleias-cinzentas, especialmente fêmeas e crias”, cita a BBC. “O comité científico está a pedir-lhes para adiarem os testes até ao próximo ano e fazê-lo o mais cedo possível, para coincidir com a altura de menor densidade de animais na zona”.
Na realidade, a CBI já tinha feito o mesmo pedido a outra companhia, a Sakhalin Energy. “Seguiram as nossas recomendações e este ano estão a realizar os seus testes com um plano de mitigação muito detalhado e o mais cedo possível”, contou à BBC.
Na sua reunião anual, a decorrer em Agadir, Marrocos, a CBI aprovou um plano de conservação daquela população de baleias; a prioridade é identificar os locais de reprodução.
Fonte: Público