Por Adriane R. O. Grey (da Redação – Austrália)
A corrida de cães galgos ingleses é uma tradição levada pela Inglaterra às suas colônias e que infelizmente ainda é encontrada largamente em alguns países, como a Austrália (veja aqui matéria publicada na ANDA).
Nos Estados Unidos, no entanto, o mercado vem se tornando cada vez mais limitado para o desenvolvimento dessa atividade. A competição com outras formas de apostas e a divulgação da crueldade envolvida neste “esporte” são fatores que têm contribuído significativamente para esta mudança.
A organização norte-americana GREY2K USA, que desde 2001 trabalha pela extinção da corrida de cães galgos, está bastante otimista e acredita que seja apenas uma questão de tempo para que atinja seu objetivo em âmbito nacional.
A corrida de cães galgos já é ilegal em 38 estados norte-americanos. Outros 5 estados (Oregon, Connecticut, Kansas, Colorado e Wisconsin) não possuem mais pistas operantes de corrida, embora ainda não a tenham proibido legalmente. A corrida apenas mantém-se em 7 estados: Arizona, Texas, Arkansas, Iowa, Alabama, West Virginia e Flórida.
Desde que a GREY2K USA começou suas atividades, a indústria das corridas de cães galgos diminuiu 50%. O estado da Flórida, com 13 pistas ativas, maior número do país, e Iowa, com 2 pistas ativas, são seus os próximos alvos.
Em resposta ao sucesso alcançado pela organização, os interessados em defender a continuidade da existência deste “esporte” contam com o apoio de alguns políticos, fato que já proporcionou ajuda financeira às casas de apostas. Em alguns estados, houve diminuição de impostos para estes empreendimentos e a corrida de cães foi atrelada como necessária para a existência de outras formas de jogo, como máquinas de pôquer e afins.
Tanto no estado da Flórida como no de Iowa, exige-se por lei que haja um número mínimo de corridas de cães oferecidos pelas casas de jogos de azar para que se possa também oferecer outras formas de apostas. O presidente da Associação dos Operadores das Pistas Americanas de Corridas de Galgos, Tim Leuschner, defende que a coexistência de ambas é benéfica às casas de jogos. Alguns legisladores de Iowa propuseram um projeto de lei, rejeitado, que pretendia desvincular as corridas das outras apostas.
O diretor-executivo da GREY2K USA, Carey Theil, afirmou que há ainda certas casas de apostas que são emocional e historicamente ligadas às corridas de cães, mas não é o que ocorre com a maioria, que já estaria pronta para fazer a transição. “São os criadores de cães, os treinadores e os operadores que têm interesse na continuidade desta prática. Os ativistas pelos direitos dos animais querem que as corridas cessem e os donos das pistas de corrida só querem mantê-las quando são lucrativas, algo cada vez menos frequente na realidade destas empresas”.
Além de viverem confinados por longas horas em gaiolas onde mal podem se mexer e, muitas vezes, sequer conseguem ficar de pé, além de serem drogados para melhorar seu rendimento com esteroides e com cocaína, muitos cães sofrem ferimentos que se tornam fatais quando são ainda muito jovens. Um cão torna-se inútil como competidor a partir de 3 ou 4 anos de idade, em média, quando a maioria é morta por seus “tutores”. A corrida envolve não só crueldade com os cães, mas também com outros animais que são usados como “isca” para treinar os galgos, como coelhos.
Recentemente, pela primeira vez a GREY2K US pôde acessar dados estatísticos oficiais sobre as corridas, providos pela Comissão de Corridas e Jogos de Iowa. De acordo com estes dados, no ano de 2008, mais de 100 cães sofreram ferimentos e lesões. A maior parte das lesões foram descritas como pernas quebradas, seguidas por graves lesões musculares, além de haver registros de dois cães terem perdido suas caudas. Dez cães foram “eutanasiados” após as corridas.
Se você se sente ultrajado ao ler este artigo, por favor divulgue esta informação. A GREY2K US espera que o conhecimento da realidade dos cães galgos ajude a extinguir a crueldade das corridas nos Estados Unidos.