Expedição realizada durante quatro anos e encerrada em novembro do ano passado identificou mais de 170 novas espécies de insetos no Amazonas. As espécies novas fazem parte dos grupos de cigarrinhas, besouros, borboletas, carapanãs, moscas, percevejo e louva-a-deus.
O resultado foi divulgado nesta quarta-feira (15) pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), agência financiadora do estudo do cientista José Albertino Rafael, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Durante a expedição, o levantamento que coletou 350 mil exemplares em regiões dos rios Nhamundá e Abacaxis, afluente do rio Amazonas, na fronteira com o Pará; nos rios Padauari e Araçá, no Alto Rio Negro, fronteira com a Venezuela; e nos rios Liberdade e Gregório, no município de Ipixuna, fronteira com o Acre.
Em entrevista ao portal acrítica.com, José Albertino Rafael explicou a importância dessa descoberta: “O homem tem obrigação de conhecer todos os organismos com os quais convivem na natureza e respeitar cada vida. Desconhecemos mais de 70% das espécies de insetos. Em muitos casos, a gente não conhece qual a função e qual o benefício que cada espécie por dar”.
Um dos insetos inscritos como espécie nova é da família Diptera (mosca) e recebeu o nome científico de Syringogaster fapeam, em reconhecimento à agência financiadora. O inseto, segundo Rafael, é um animal mimético e tem semelhanças com a formiga.
Os insetos coletados foram incorporados à Coleção de Invertebrados do Instituto, tornando-o o maior e melhor depositário da fauna de insetos do Estado. A Coleção foi a que mais cresceu no Brasil nos últimos anos.
Armadilhas
De acordo com Rafael, o sucesso do projeto só foi possível devido à grande diversidade de métodos (armadilhas diferentes) utilizados e favorecidos pela mobilização de dezenas de especialistas (mestrandos e doutorandos) com o objetivo de desvendar a fauna de regiões fronteiriças do Amazonas, já que se estima que só se conheça cerca de 30% das espécies de insetos.
“Os insetos pertencem ao grupo de organismos mais diversificado na Terra e ainda são pouco conhecidos. A Amazônia, por ser uma área reconhecidamente com uma alta diversidade de espécies, concentra grande parcela de exemplares. Há a necessidade de pesquisas para que tenhamos a possibilidade de descobrir os novos organismos com os quais o homem convive na natureza”, destacou.
Fonte: A Crítica