Alvo de denúncias nas últimas semanas, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Bauru (SP) agora é alvo de uma ex-voluntária, que trabalhou no local entre 2006 e 2008.
Segundo a professora Maria Lúcia Tristão, 53 anos, “desde meus tempos de voluntariado no CCZ a prática de eutanásia de animais sadios é comum… Infelizmente nada mudou, como esperávamos.”
O CCZ já negou várias vezes que pratica eutanásia em animais saudáveis.
Maria conta que, certa vez, estava cuidando de uma cachorra que havia dado à luz nove filhotes, em frente à prefeitura. “Dava latinhas de comida para cães aos filhotes e a mãe para que pudessem ganhar alguma força e conseguir sobreviver”, garante. “Então, eu disse ao José Rodrigues Neto [atual diretor do CCZ, na época um dos veterinários do centro] que estava cuidando pessoalmente dos cães, e ele me garantiu: ‘Ninguém vai tocar nos animais’. Pouco depois, os nove filhotes haviam sido eutanasiados.”
Para relembrar: assessores do deputado estadual Feliciano Filho (PV) e uma das responsáveis pela ONG Vida Digna, Beatriz Schuler, teriam presenciado um cão da raça pit bull sendo levado para a eutanásia, quando estava aparentemente são.
Maria, inclusive, conta que tem amigos no centro, que lhe confidenciaram o porquê da morte do pit bull. “Estavam chegando outros cães, e o CCZ estava lotado. Como pit bulls ficam sós nas bainhas, falaram: ‘Vamos eutanasiar este daqui, que cabem os outros’. Um absurdo”.
Segundo informações de Maria, nos tempos em que ela voluntariava no centro, eram feitas de 20 até 50 eutanásias diariamente. “As injeções para eutanásia são importadas. Será que realmente é mais barato matar todos?”, pergunta.
A eutanásia seria só em animais com leishmaniose, informa o CCZ. O prefeito Rodrigo Agostinho e José Rodrigues Neto negam irregularidades.
Saúde: ‘animais tinham doenças incuráveis’
A Secretaria Municipal da Saúde reiterou na quarta-feira, por nota, que o CCZ não promove a eutanásia de animais sadios e todas as denúncias são averiguadas.
“Especificamente em relação às denúncias de prática de eutanásia, recentes ou não, todas foram averiguadas e confirmaram que os animais eutanasiados tinham doenças incuráveis.”
O CCZ, prossegue a nota, segue os procedimentos preconizados pelos órgãos superiores de Saúde. “E todas as informações permanecerão à disposição do Ministério Público e serão encaminhadas, se assim solicitadas.”
Sobre o acesso
Ainda segundo a ex-voluntária, o acesso ao CCZ estaria proibido. “Está disciplinado. A restrição visa resguardar a segurança e integridade dos servidores que no local trabalham”, diz a secretaria. Há exceções para liberar o acesso, por exemplo, a um médico veterinário escolhido pelas ONGs de proteção animal.
Fonte: Rede Bom Dia