(da Redação)
Apesar de protestos da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) e de outros ativistas de direitos animais para que a prática fosse cancelada, aconteceu em Hortonville, Wisconsin (EUA), no dia 10 de Agosto, o chamado “pig rassle” (“luta de porcos”), em meio a festividades da Paróquia de St. Patrick que ocorrem anualmente. O evento atraiu pessoas de todo o país. Um oficial disse que essa é uma tradição da igreja católica há 44 anos – mas a PETA está pedindo à paróquia que esse ano seja o último a apresentar o ‘show’ bizarro. Em paralelo, outra organização de direitos animais afirma que está apresentando uma queixa formal. As informações são do Fox6now.
Dezenas de manifestantes estiveram presentes na igreja durante o evento.
Nele, o assédio aos porcos ocorre da seguinte forma: um grupo é colocado em um ringue, e então lhes é dado um porco. Depois disso, os chamados lutadores têm 45 segundos para arrebatar o animal e colocá-lo em cima de um barril. Esse tipo de “torneio” – o “pig rassle” ou “pig wrestling” – não ocorre apenas nas festividades dessa paróquia; nos Estados Unidos, é uma prática vista em muitos outros eventos.
“Tradição não é desculpa para a crueldade”, disse o presidente do Global Conservation Group, Jordan Turner. A ONG é um grupo de direitos dos animais com sede em Milwaukee. Na semana passada, Turner lançou uma petição on-line para cancelar o “pig rassle”, que recebeu pouco mais de 60 mil assinaturas.
Segundo reportagens, os animais passam por situações de sofrimento e abuso no evento. “Os porcos são agredidos fisicamente e postos em um barril. Isso é muito cruel”, disse Turner.
Oficiais da igreja alegam que não há nenhum tipo de crueldade na prática e, se houvesse, ela seria interrompido imediatamente. As pessoas que estavam próximas ao recinto dos porcos no domingo disseram que “é apenas um jogo divertido”. Mas imagens capturadas em vídeo pela PETA estão levando a ONG a exigir que a igreja faça do “pig rassle” deste ano, o último.
Os organizadores relataram que o evento ajuda a levantar cerca de 3 mil dólares em fundos para a paróquia.
A diretora da área de Divulgação e Engajamento Cristão da PETA, Sarah Withrow King, estava entre as milhares de pessoas que escreveram ao Diácono Ken Bilgrien neste mês pedindo que ele cancele o evento – e em uma carta enviada no dia 14 de agosto, King aponta para o flagrante comportamento anti-cristão capturado no vídeo:
“Porcos gritam de terror enquanto participantes pulam sobre eles, atacam e arrastam-lhes por uma arena cheia de lama. Um porco é visto tentando desesperadamente sair do recinto enlameado, e outro manca após ter sofrido uma queda. Os porcos usados para o evento haviam sido deixados sob o sol a pino, sem comida ou água, durante horas.
Essa maldade com as criaturas de Deus é completamente contrária aos ensinamentos de Jesus, de que devemos ter compaixão pelos mais mansos entre nós. A conduta na paróquia nessa festa mostrou que não há nenhum respeito ou gentileza com esses animais que a Igreja ensina que são nossa propriedade. Certamente a paróquia pode encontrar outras formas de levantar dinheiro do que sujeitar animais a tal espetáculo de sofrimento desnecessário”, escreveu King.
A PETA, que tem por um de seus lemas o de que “animais não são nossa propriedade para que abusemos deles de forma alguma”, disse que espera que a igreja adote uma política de promover apenas atividades com humanos “que estejam dispostos a participar”, em eventos futuros.
Segue a carta que foi escrita para o Diácono Ken Bilgrien, pela ONG:
“Prezado Diácono Bilgrien,
Como uma companheira seguidora de Jesus e diretora de Divulgação e Engajamento Cristão da PETA, estou contatando-o novamente para pedir que o Sr. faça com que este seja o último cruel ‘Pig Rassle’ promovido pela Paróquia de St. Patrick.
Informações obtidas por testemunhas oculares indicam que os animais usados no evento eram amontoados em recintos sem possibilidade de se proteger do sol escaldante, sem água potável para beber ou comida por todo o dia quente do verão. E imagens em vídeo mostram porcos gritando enquanto eram presos pelas cabeças, atacados e arrastados por suas pernas traseiras, e tinham suas cabeças forçadas para dentro da lama profunda. Todos esses porcos estavam obviamente aterrorizados, conforme homens adultos e crianças ruidosas avançavam e saltavam sobre eles, com espectadores berrando de todas as direções. Os animais estavam tão exaustos e estressados por essas provações que eles engasgavam, e algumas vezes funcionários demoravam minutos para levar porcos que haviam tentado escapar de volta para o recinto. Um porco tentou fugir em vão, pois cinco homens o cercaram; um outro mancava após ter sofrido um tombo. Após o evento, as costas dos porcos estavam dilaceradas, sem dúvida pelas unhas das pessoas que desesperadamente tentaram agarrá-los.
O Catecismo da Igreja Católica instrui que ‘O domínio do homem sobre todos os outros seres concedidos pelo Criador não é absoluto…ele requere um respeito religioso pela integridade da criação. Animais são criaturas de Deus. … Então o homem lhes deve a bondade. Nós deveríamos recordar a gentileza com que santos como São Francisco de Assis ou São Filipe Néri tratavam os animais. … É contrário à dignidade humana causar sofrimento e morte aos animais’.
Tal falta de bondade com as criaturas de Deus é totalmente contrária aos ensinamentos de Jesus, de compaixão aos mansos entre nós. A conduta em nome da paróquia nesse dia mostrou nenhum respeito ou gentileza para com esses porcos que a Igreja trata como se nós os possuíssemos, e certamente a paróquia pode encontrar outras maneiras de levantar recursos, sem precisar sujeitar animais a esse espetáculo de sofrimento. Eu oro para que o Sr. me faça saber que as futuras festividades contarão somente com atividades humanas envolvendo humanos dispostos a participar.
Por todos os animais, na graça e na paz,
Sarah Withrow King
Diretora de Divulgação e Engajamento Cristão da PETA”