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Estudos tentam salvar peixe-boi da Amazônia da extinção

1 de outubro de 2011
4 min. de leitura
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Peixe-boi da Amazônia é espécie ameaçada de extinção (Foto: Cristina Tófoli)

O peixe-boi da Amazônia é o maior mamífero de água doce do Brasil: pode alcançar até três metros de comprimento e pesar cerca de 500 quilos. É herbívoro e alimenta-se de plantas aquáticas e subaquáticas. Sua coloração, que varia do cinza-escuro ao negro, dificulta que sejam vistos e estudados pelos pesquisadores em seu habitat. Cada fêmea de peixe-boi tem apenas um filhote por gestação – que pode mamar até dois anos –, o que também torna delicada a perpetuação da espécie.

Esses animais têm um papel importante na natureza, porque ajudam a fertilizar a água dos rios com os nutrientes encontrados em suas fezes e urina, além de contribuírem para o controle biológico de plantas aquáticas.

No entanto, o peixe-boi da Amazônia pode desaparecer devido ao comércio de sua carne, couro e gordura. Na região do Parque Nacional de Anavilhanas, que abrange os municípios de Manaus e Novo Airão, no Amazonas, o quilo da carne é vendido a nove reais.

A carência de efetivo dos órgãos ambientais dificulta a fiscalização e coibição desta atividade ilegal e cruel. Sem falar no desmatamento, que altera as características dos rios, e contribui para que o peixe-boi esteja nas principais listas de espécies em risco de extinção.

O que pode ajudar esses animais tão vulneráveis, é o trabalho de pesquisa científica realizado na Amazônia. Colher dados sobre essa espécie não é tarefa fácil. A maior quantidade de dados que se tem até hoje sobre o peixe-boi vem da observação realizada em cativeiro.

A coleta de dados sobre a espécie

Desde 2003, o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) pesquisa esse animal no Parque Nacional de Anavilhanas. As dificuldades iniciais para monitorar o peixe-boi em seu habitat, fez com que o projeto tivesse que ser reformulado.

Em 2010, ele ganhou novas diretrizes e também um novo nome, passando a se chamar Projeto Iaras – Conservação do Peixe-Boi Amazônico no Baixo Rio Negro, ganhando foco não apenas em pesquisa, mas também em educação ambiental.

Em pouco mais de um ano, os pesquisadores conseguiram 30 registros de alimentação, sendo mais de dez itens diferentes e a maioria cipós. Com esses dados, é possível entender como o peixe-boi utiliza a paisagem, o que pode no futuro ajudar a criar estratégias para a sua conservação.

Em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o IPÊ desenvolve uma metodologia que utiliza sonares de alta definição para localizar o peixe-boi. “Com essa metodologia pretende-se aumentar o número de registros da espécie, e desta forma, incrementar nosso conhecimento a respeito da espécie, especificamente sobre o uso da paisagem e tamanho populacional do peixe-boi amazônico na região”, explica a ecóloga Cristina Tófoli, coordenadora do projeto.

Para obter registros da espécie, hoje os pesquisadores do IPÊ fazem incursões a barco pelo Parque Nacional de Anavilhanas, que possui 350 mil hectares. “É um desafio, porque para os avistamentos é necessário percorrer a área a remo, evitando que o som do motor do barco espante os animais”, conta Tófoli.

A partir dessas incursões são delimitadas as áreas – transecções lineares – que serão percorridas com o sonar e o barco para avistar o peixe-boi. Depois de coletados esses dados, e com o auxílio de softwares especializados, será feito o calculado do tamanho populacional na região.

Educar para preservar

Para conter a degradação de uma espécie, é preciso mais do que pesquisa. A educação ambiental auxilia na disseminação do conhecimento, fator importante para a conservação.

Na região do Parque Nacional de Anavilhanas são realizadas oficinas nas comunidades ribeirinhas, com informações sobre a biologia e a ecologia do peixe-boi amazônico, e também sobre as principais ameaças a sua sobrevivência.

Essas informações têm estimulado o Turismo de Base Comunitária, que é uma das maiores oportunidades de geração de renda para as comunidades. “A população é incentivada a inserir seu conhecimento tradicional a respeito do peixe-boi e de outras espécies amazônicas durante a realização de trilhas e viagens de barco, numa troca enriquecedora de informações entre pesquisadores e ribeirinhos”, conta a coordenadora do projeto.

Fonte: 360 graus

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