Falar que um cachorro é realmente inteligente não é papo de maluco. Nos últimos anos, os cientistas têm se surpreendido ao descobrir que a inteligência dos animais é mais complexa e sofisticada do que muitos imaginavam. Stanley Coren, doutor em Psicologia e autor de “A Inteligência dos Cães”, diz que o raciocínio linguístico de um cão pode ser comparado ao de um bebê de dois anos e meio.
No geral, cachorros têm uma inteligência única que difere de outros animais. E, entre eles, seu intelecto também varia. No entanto, de acordo com Brian Hare, professor do Centro para Neurociência Cognitiva da Universidade de Duke, é incorreto pensar que uma raça é mais inteligente que outra. “Há diferentes tipos de inteligência e diferentes cachorros são bons em diferentes coisas”, diz à revista “Scientific American”.
Isso não significa que seu cão seja quase uma pessoa. Em entrevista ao jornal “The New York Times”, Clive D. L. Wynne, professor de psicologia na Universidade da Flórida, diz que “não devemos nos enganar a ponto de pensar que um cachorro veja o mundo como nós”.
De qualquer forma, no geral, cães surpreendem em suas diferentes inteligências. “A cachorra babando no seu sapato pode não parecer a lâmpada mais brilhante na caixa, mas ele vem de uma longa e bem sucedida linha de cachorros e é membro de uma das espécies de mamíferos mais bem sucedidas do planeta depois de nós”, garante.
Eis alguns dos aspectos impressionantes sobre a inteligências dos cães:
Eles são capazes de ler nossa linguagem corporal
Quando você aponta o dedo para algo, um bebê de um ano entende que isso que está indicando alguma coisa. Agora, faça o mesmo com um macaco ou para um gato. Eles não irão entender o sinal e irão procurar aleatoriamente pelo objeto escondido.
A situação não é a mesma com cachorros. Um estudo mostrou que eles foram capazes de entender que apontar um dedo a uma direção significa que tem algo lá. Mais do que isso, eles são capazes de perceber nosso olhar. Se você olhar ou se inclinar em uma direção, o cão entenderá o sinal.
Pesquisadores também perceberam que cachorros são capazes de identificar quando um humano está sorrindo ou não em uma fotografia.
Cachorros sabem o que chama sua atenção
Outra pesquisa mostra que, se você tiver indivíduos com os olhos vendados e outro com os olhos abertos, o cachorro irá pedir comida para a que estiver com os olhos abertos. A National Geographic mostrou experimento semelhante, indicando que, quando alguém não está olhando, o cão se sente mais à vontade para ir e comer algo.
Se o seu cachorro é desses que pega a bolinha e traz para você, faça um teste: jogue a bola e vire de costas. O animal provavelmente largará o objeto em algum lugar onde você pode ver.
Cães podem nos entender (um pouco)
Sim, seu cachorro provavelmente entende algo quando você fala com ele. Um dos casos mais notáveis é de um cão chamado Collie, que conseguiu aprender o nome de 1.022 brinquedos diferentes. Quando seu treinador falava o nome do objeto, Collie pegava o item. O animal ainda era capaz de diferenciar verbos como “pegar” ou “largar”. Tudo isso foi documentado em um estudo de 2011.
Rico, outro cachorro que se mostrou capaz de decorar 200 palavras, ainda provou que cães conseguem procurar sentido em novos termos. Quando seu treinador inventava alguma palavra, o animal ia e buscava justamente um brinquedo novo, que ele também não conhecesse.
O cão sabe quando é uma pessoa falando
Além disso, cães sabem quando é uma pessoa que está falando com eles. Estudo de 2014 revela que, quando ouve uma pessoa falando palavras inteligíveis, regiões do cérebro canino são ativadas. Mais do que isso, o cão é capaz de identificar o tom da sua voz e dizer se você está triste ou feliz.
Cachorros têm vínculos emocionais com humanos
Em 2008, os pesquisadores fizeram um teste com 38 animais e seus tutores. Os cães entravam em um ambiente estranho e lá eles ficavam ou sozinhos, ou com seus tutores, ou sozinhos com um estranho, ou juntos com seu tutor e com o estranho. Os cientistas perceberam que os animais se sentiam mais à vontade, exploravam mais o local e brincavam mais com o desconhecido quando seu tutor estava por perto.
Outra pesquisa mostra que, quando um cão cheirava um pedaço de pano com o odor de seu tutor, o núcleo caudado (parte do cérebro ligada à recompensa e ao prazer) era ativado. O mesmo acontecia quando seu tutor entrava no ambiente. No entanto, quando o cheiro era de um estranho, ou quando era um desconhecido entrando no local, o núcleo não era ativado.
E, sim, essa emoção faz com que o cachorro sinta ciúmes. Em um estudo de 2014, tutores fingiam dar atenção à robôs ou objetos que imitavam cachorros; enquanto outros davam atenção apenas a seu animal. Os cães que foram “trocados” por semelhantes mostraram comportamento ciumento, chamando a atenção do tutor, cutucando a pessoa ou rosnando, por exemplo.
Fonte: Nexo Jornal