Um estudo liderado por pesquisadores da RMIT University, na Austrália, analisou o acesso à natureza em oito grandes cidades globais e concluiu que, embora muitas tenham árvores em abundância, a cobertura de copas urbanas ainda é insuficiente para garantir um clima local adequado, especialmente para reduzir ondas de calor em tempos de aquecimento global.
O estudo, publicado na revista científica Nature Communications, utilizou a regra “3-30-300”, que sugere que cada casa, escola e local de trabalho deve ter a vista de pelo menos três árvores, estar em um bairro com 30% de cobertura de copa e estar a 300 metros de um parque. Ao todo, foram analisados mais de 2,5 milhões de edifícios.
A pesquisa revelou que, em cidades como Nova York e Amsterdã, menos de 30% dos edifícios estão em áreas com cobertura adequada de copas, apesar de a maioria ter vista para árvores. Apenas Seattle e Cingapura cumpriram a meta de 30% de cobertura.
Essa falta de árvores é preocupante, especialmente em um ano com temperaturas recorde, já que a vegetação urbana ajuda a reduzir o calor e melhorar a qualidade do ar, além de beneficiar a saúde mental e física da população.
Especialistas destacam que a falta de árvores nas cidades está relacionada ao aumento de doenças como depressão, obesidade e mal-estares ligados ao calor. Além disso, a cobertura de árvores também pode diminuir o risco de inundações e proteger a biodiversidade urbana.
“Revisei décadas de pesquisas ligando a natureza à saúde humana – e descobri que a vista para a natureza, a cobertura de copas e os parques são realmente essenciais se quisermos ser mentalmente saudáveis, fisicamente ativos e seguros contra os impactos das ondas de calor”, afirma o especialista em arborização urbana holandês, Cecil Konijnendijk.
Para alcançar melhores resultados, é essencial repensar o planejamento urbano, adverte o estudo, priorizando áreas verdes e condições adequadas para o crescimento das árvores. A pesquisa sugere que uma mudança nas práticas de planejamento pode fazer com que mais cidades alcancem a cobertura mínima necessária, melhorando o bem-estar de seus habitantes e combatendo o aquecimento global.