EnglishEspañolPortuguês

Estudo revela que população de animais diminuiu 30% desde 1970

1 de maio de 2010
4 min. de leitura
A-
A+

Por Raquel Soldera (da Redação)

Desde 1970, a população de animais do mundo teve uma redução em cerca de 30%, as áreas de manguezais e leitos de algas marinhas em 20% e os recifes de corais em 40%, segundo estudo do cientista-chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Joseph Alcamo, publicado na revista Science.

“Essas perdas são claramente insustentáveis, já que a biodiversidade é uma contribuição fundamental para o bem-estar humano e o desenvolvimento sustentável, tal como reconhecido pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas”, acrescentou.

Recifes de corais tiveram redução de 40% (Imagem: Ciência Jovem)

Com o estudo, a revista científica destacou o fracasso mundial para frear a perda de biodiversidade no ano de 2010, e observou que os líderes mundiais não têm conseguido cumprir os compromissos assumidos em 2002 para reduzir a taxa global de perda de biodiversidade para esse ano, e, pelo contrário, têm negligenciado “declínios alarmantes” da biodiversidade.

Assim, é demonstrado pela primeira vez como os objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) não foram cumpridos. Depois de analisar mais de 30 indicadores – diferentes medidas de biodiversidade, incluindo alterações nas populações de algumas espécies e seu risco de extinção, a extensão de habitat e a composição das comunidades biológicas – o estudo não encontrou nenhuma evidência de uma redução significativa na taxa de declínio da biodiversidade, mas sim que as pressões que sofre continuam aumentando.

“Nossa análise mostra que os governos não estão conseguindo cumprir com os compromissos assumidos em 2002. A biodiversidade está desaparecendo mais rápido do que nunca, e fizemos muito pouco para reduzir as pressões que sofrem as espécies de animais, os habitats e os ecossistemas”, disse o autor principal do artigo e um membro da BirdLife International e do Observatório Conservacionista Mundial (World Conservation Monitoring Centre) do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), Stuart Butchart.

Bisonte europeu sofre grande perigo de extinção (Imagem: Ciência Hoje)

“Nossos dados confirmam que 2010 não será o ano em que a perda de biodiversidade se deteve, mas tem que ser o ano em que começamos a levar o assunto a sério e aumentamos substancialmente os nossos esforços para proteger o que resta do nosso planeta”, acrescentou.

Os indicadores incluídos no estudo foram desenvolvidos e sintetizados pela “Aliança 2010 para os Indicadores de Biodiversidade” (Biodiversity Indicators Partnership), uma colaboração de mais de 40 agências e organizações internacionais que desenvolvem indicadores globais de biodiversidade, e a principal fonte de informação sobre a evolução da biodiversidade global.

Segundo a SEO/BirdLife, os resultados deste estudo alimentam a terceira Revisão Mundial da Biodiversidade (Global Biodiversity Outlook 3), a principal publicação da Convenção de Biodiversidade, que será lançada em Nairobi, em 10 de maio, quando representantes de governos de todo o mundo se reunirão para discutir a meta para 2010 e como enfrentar a crise da biodiversidade.

“Mesmo que os países estejam implementado algumas políticas para impedir a perda de biodiversidade, infelizmente, têm sido insuficientes, e a diferença entre as pressões sobre a biodiversidade e as respostas adotadas está cada vez maior”, disse Butchart.

Pequenos êxitos

O estudo reconhece que houve alguns êxitos importantes para lidar com a perda de biodiversidade, tanto em nível local como nacional, incluindo a designação de muitas áreas protegidas (por exemplo, 20 mil quilômetros quadrados do Parque Nacional Juruena, no Brasil), a recuperação de alguns espécies (por exemplo, o bisonte europeu) e prevenção de algumas extinções (por exemplo, a cegonha-preta da Nova Zelândia).

Cegonha-preta (Imagem: Universidade dos Açores)

Mas, apesar desses resultados animadores, os esforços para enfrentar a perda de biodiversidade devem ser reforçados de forma substancial, e sustentados por investimentos no monitoramento consistente de indicadores de biodiversidade global, o que é essencial para melhorar a eficácia das respostas.

“Embora tenha havido muitas respostas na direção correta, as políticas têm sido mal dirigidas, financiadas e executadas. Acima de tudo, a preocupação com a biodiversidade deve estar integrada em todos os setores do governo e das empresas, e o valor econômico da biodiversidade deve ser adequadamente considerado na tomada de decisões. Só então seremos capazes de resolver o problema”, disse o secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica, Ahmed Djoghlaf.

Com informações de Europa Press

Você viu?

Ir para o topo