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CONVIVÊNCIA

Estudo revela que crescer com cães pode reduzir risco de asma nas crianças

30 de setembro de 2025
2 min. de leitura
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Foto: unsplash

Bebês que crescem em ambientes com cães podem ter menos chances de desenvolver asma até os cinco anos de idade. A conclusão é de um estudo canadense que será apresentado no Congresso da Sociedade Respiratória Europeia (ERS), em Amsterdã.

O estudo, conduzida por uma equipe do Hospital for Sick Children (SickKids), em Toronto, analisou a exposição precoce de bebês a alérgenos, substâncias que causam as reações alérgicas, de cães e gatos. Os dados revelam que apenas os alérgenos de cão parecem ter um efeito protetor.

“A asma é uma das doenças respiratórias crônicas mais comuns na infância, sobretudo nos primeiros quatro anos de vida”, explica Jacob McCoy, um dos autores do estudo, em comunicado. “Queríamos entender de que forma os alérgenos presentes em casa, especialmente os de animais domésticos, podem influenciar o desenvolvimento da doença”, acrescenta.

O estudo envolveu 1.050 crianças participantes da coorte canadense CHILD. Foram coletadas amostras de poeira das casas dos bebês entre os três e os quatro meses de idade. Nessas amostras, os pesquisadores mediram a presença de três substâncias: o Can f 1, uma proteína encontrada na pele e saliva dos cães; o Fel d 1, proveniente de gatos; e endotoxinas, associadas a bactérias.

Aos cinco anos, as crianças foram avaliadas por médicos quanto à presença de asma, por meio de testes clínicos e de função pulmonar, nomeadamente o VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo). Também foram analisadas amostras de sangue para determinar fatores genéticos relacionados com o risco de asma e alergias.

Os resultados mostram que os bebês expostos a níveis mais elevados do alérgeno de cão Can f 1 tinham cerca de 48% menos probabilidade de desenvolver asma aos cinco anos. Além disso, esses bebês apresentavam melhor função pulmonar, especialmente aqueles com maior predisposição genética para doenças respiratórias. Já a exposição a alérgenos de gato ou a endotoxinas não demonstrou qualquer benefício semelhante.

“Embora já se saiba que a sensibilização a alérgenos de cão pode agravar sintomas em pessoas com asma, nossos dados sugerem que uma exposição precoce pode, na verdade, prevenir essa sensibilização. Isto pode estar relacionado com alterações no microbioma nasal ou com efeitos no sistema imunológico”, afirma McCoy.

A comunidade científica considera os resultados promissores, embora admita que são necessários mais estudos. Erol Gaillard, presidente do grupo de especialistas em asma pediátrica da ERS e professor associado na Universidade de Leicester, ressalta a importância do estudo.

“A asma é a condição crônica mais frequente entre crianças e jovens, e uma das principais causas de internação hospitalar. Este estudo traz uma nova perspectiva: crescer com cães pode oferecer uma certa proteção. No entanto, ainda há muito a ser compreendido sobre o impacto que os animais têm no desenvolvimento dos pulmões das crianças ao longo do tempo”, diz o especialista, que não esteve envolvido no estudo.

Fonte: Greensavers

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