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Estudo revela que aves urbanas estão repletas de bactérias resistentes a antibióticos

13 de agosto de 2024
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Patos e corvos urbanos, que muitas vezes nos proporcionam uma conexão com a natureza, podem estar abrigando um risco oculto: cientistas descobriram que aves selvagens que vivem próximas aos humanos têm maior probabilidade de portar bactérias resistentes a antibióticos essenciais.

A resistência antimicrobiana (RAM), que ocorre principalmente devido ao uso excessivo de antibióticos em humanos e animais, é uma preocupação crescente. Em 2019, cerca de 4,95 milhões de mortes no mundo foram associadas à resistência bacteriana, com 1,27 milhão sendo diretamente causadas por essa resistência.

Pesquisadores alertam que aves selvagens que habitam áreas urbanas podem ser reservatórios de bactérias resistentes a múltiplos medicamentos. “Estamos observando genes que conferem resistência a antimicrobianos, que normalmente seriam usados para tratar infecções humanas”, afirmou o professor Samuel Sheppard, coautor do estudo do Instituto Ineos Oxford para Pesquisa Antimicrobiana.

A equipe de pesquisadores considera suas descobertas preocupantes, especialmente porque aves selvagens têm a capacidade de percorrer grandes distâncias. Existe o temor de que essas aves possam transmitir bactérias resistentes a antimicrobianos para aves em cativeiro, como as mantidas em granjas para consumo humano.

Em um estudo publicado no periódico Current Biology, Sheppard e colegas analisaram os genomas de bactérias em 700 amostras de fezes de aves de 30 espécies selvagens em países como Canadá, Finlândia, Itália, Japão e Reino Unido. Eles focaram em diferentes cepas de Campylobacter jejuni, uma bactéria comum no microbioma intestinal de aves, e uma das principais causas de gastroenterite em humanos, tratada com antibióticos apenas em casos graves.

Os pesquisadores descobriram que aves selvagens que habitam áreas urbanas abrigam uma maior diversidade de cepas de C. jejuni e apresentam cerca de três vezes mais genes associados à resistência antimicrobiana em comparação com aves que vivem longe de ambientes urbanos.

Esses genes de resistência podem ser adquiridos de várias formas. Gaivotas e corvos, por exemplo, costumam frequentar aterros sanitários, enquanto patos e gansos podem contrair essas bactérias em rios e lagos contaminados por esgoto humano.

Especialistas como o Dr. Thomas Van Boeckel, da ETH Zürich, que não participou do estudo, destacam que a pesquisa é única ao explorar o impacto do uso de antimicrobianos por humanos em animais selvagens. Já a Dra. Danna Gifford, da Universidade de Manchester, alerta para as potenciais implicações para a saúde humana, destacando que, embora o risco de transmissão direta de resistência de aves urbanas para humanos não seja totalmente claro, a transmissão entre aves e humanos já é bem documentada.

O Dr. Andrew Singer, do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, sugere que mais pesquisas são necessárias para validar os resultados, mas enfatiza a importância de precauções imediatas, como evitar a concentração de aves em aterros, estações de tratamento de esgoto e outras áreas onde patógenos e genes de resistência são abundantes. Além disso, Singer recomenda eliminar o despejo de esgoto não tratado em rios, protegendo assim tanto a vida selvagem quanto os humanos dos riscos associados à resistência antimicrobiana.

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