Um novo estudo publicado na revista Nature Microbiology nesta quinta-feira (11) mostra que as microalgas marinhas Pelagophyceae conseguem produzir um composto denominado dimetilsulfoniopropionato (DMSP), capaz de ajudar a resfriar o clima da Terra.
A descoberta foi conduzida por pesquisadores da Universidade de East Anglia (UEA), no Reino Unido, e da Universidade Oceanográfica da China (OUC). O estudo abre novas percepções de como os organismos marinhos podem impactar o planeta.
“As Pelagophyceae estão entre as algas mais abundantes na Terra, mas anteriormente não eram conhecidas como importantes produtoras de DMSP. Esta descoberta é empolgante porque o DMSP é um composto antiestresse abundante, fonte de alimento para outros microrganismos e uma grande fonte de gases que resfriam o clima”, diz Jonathan Todd, coautor do estudo e professor da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de East Anglia, em comunicado.
Microrganismos marinhos produzem anualmente bilhões de toneladas de DMSP nos oceanos. O composto contribui para a sobrevivência das algas, pois as protege de alguns estresses, como a mudança na salinidade, frio, alta pressão e estresse oxidativo.
A liberação de DMS na atmosfera resfria o planeta, pois seus produtos de oxidação ajudam na formação das nuvens que refletem a luz solar para longe da Terra. Esse processo natural é essencial para regular o clima e é muito importante para o ciclo global do enxofre.
Além disso, o DMSP é a principal fonte de um gás denominado dimetilsulfeto (DMS), conhecido como “cheiro de praia”, que guia os microrganismos marinhos em direção aos seus alimentos e os afasta de predadores.
A nova pesquisa enfatiza o papel fundamental que os organismos desempenham na regulação do clima global, já que sugere uma produção de DMSP e consequente a liberação de DMS muito maior do que prevista anteriormente.
Enzimas-chave
Um dos membros da equipe de cientistas, Andrew Curson, identificou novas enzimas responsáveis pela síntese de DMSP em diversas bactérias, cianobactérias fotossintéticas e algas. “A identidade dessas enzimas permitiu que nossa equipe identificasse as Pelagophyceae como potenciais e importantes produtoras de DMSP”, afirma.
Conforme explica o coautor do estudo, Xiao-Hua Zhang, estudar as enzimas permitiu aos cientistas entender e prever melhor o comportamento dessas algas formadoras de maré marrom, que perturbam o ecossistema.
“Este estudo também levantou questões sobre outras versões não identificadas das enzimas necessárias para produzir DMSP, ou caminhos totalmente diferentes para produzi-lo que ainda são desconhecidos”, completou o especialista.
Fonte: Um Só Planeta