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EQUILÍBRIO

Estudo revela que a biodiversidade é maior em áreas onde há mais leopardos-de-Java

A descoberta pode ajudar nas estratégias de proteção da espécie que está em perigo de extinção

19 de julho de 2024
Júlia Zanluchi
4 min. de leitura
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Foto: Candra Firmansyah | Wikimedia Commons

Chapéu: EQUILÍBRIO

Título: Estudo revela que a biodiversidade é maior em áreas onde há mais leopardos-de-Java

Olho: A descoberta pode ajudar nas estratégias de proteção da espécie que está em perigo de extinção

Um novo estudo sobre os leopardos-de-Java (Panthera pardus melas) revelou que as áreas com maior número de indivíduos dessa subespécie têm uma diversidade de vida selvagem mais rica do que aquelas de onde esses felinos estão ausentes.

Os autores disseram que o estudo foi o primeiro olhar extensivo sobre quais animais o leopardo pode caçar, utilizando armadilhas fotográficas em todos os quatro diferentes tipos de regiões terrestres na ilha de Java. Liderados por Andhika C. Ariyanto da Universidade de Twente, na Holanda, e do Ministério do Meio Ambiente e Florestas da Indonésia, os autores estudaram 7.461 fotos individuais tiradas entre 2020 e 2022 em quatro parques nacionais.

Eles descobriram que o Parque Nacional Meru Betiri, representando o habitat da floresta montana do leste de Java, tinha a maior riqueza de espécies em áreas onde os leopardos são encontrados. Os Parques Nacionais Ujung Kulon e Alas Purwo — habitat da floresta tropical do oeste e da floresta tropical do leste da ilha, respectivamente — vinham logo em seguida, de acordo com o estudo.

Já o Parque Nacional Gunung Gede Pangrango, representativo do habitat da floresta tropical do oeste da ilha, teve uma diversidade de espécies relativamente menor em áreas habitadas por leopardos. “Isto sugere a interação entre os leopardos de Java e suas presas, revelando como a abundância de presas desempenha um papel na formação da distribuição e comportamento dos predadores em seu ambiente natural”, diz o estudo.

Os autores identificaram 10 espécies cuja presença coincidiu fortemente com a dos leopardos, tanto no espaço quanto no tempo, e sugeriram que algumas poderiam ser candidatas a presas caçadas pelo grande felino. Incluem muntíacos-comums (Muntiacus muntjak), javalis (Sus scrofa), galinhas (Gallus spp.), cães-selvagens-asiáticos (Cuon alpinus) e rinocerontes-de-Java (Rhinoceros sondaicus).

Ao identificar quais animais os leopardos-de-Java caçam e suas populações, o estudo diz que os gestores de proteção podem criar planos específicos para proteger e aumentar essas populações de animais e, por extensão, a população de leopardos. Quando não há animais de presa suficientes, grandes carnívoros como os leopardos podem diminuir em número e até desaparecer de certas áreas, escrevem os autores.

Situação dos leopardos

O leopardo de Java está listado como “em perigo” na Lista Vermelha da IUCN, que estima sua população em cerca de 350 indivíduos. É o último predador de topo em Java, após a extinção no século passado do tigre-de-Java (Panthera tigris sondaica), e está sob ameaça da atividade humana, incluindo caça, perda de habitat e declínio de suas presas.

“Incorporar essas descobertas nas estratégias locais de conservação implica implementar medidas como monitoramento de presas potenciais, restauração de habitat, iniciativas anti-caça e programas de engajamento comunitário”, diz o estudo. “Essas medidas irão melhorar a sustentabilidade a longo prazo dos leopardos-de-Java e de seus ecossistemas.”

Erwin Wilianto, cofundador e membro do conselho da ONG Save Indonesian Nature & Threatened Species (SINTAS Indonesia), que não esteve envolvido no estudo, mas disse que os dados podem funcionar como uma base para mais pesquisas sobre a subespécie, incluindo comportamento ecológico, e outras metodologias, como análise fecal. Combinar e incluir mais contextos ajudaria a suplementar a política de proteção para grandes felinos e, consequentemente, beneficiar as populações de leopardos em toda Java.

“Ainda há uma escassez de dados e informações [sobre os leopardos-de-Java], então devemos primeiro construir isso juntos para que o resultado desses dados possa ser informativo para os [gestores de proteção] e fortalecer o plano de intervenção que será implementado”, disse ele.

A ilha de Java abriga uma grande população humana de cerca de 145 milhões de pessoas, significando que o espaço disponível para os leopardos sempre foi severamente restringido e está cada vez menor. Especialistas sugeriram que os esforços de proteção devem se concentrar em aumentar a conscientização pública, gerenciar pequenas áreas de habitat, reduzir conflitos entre humanos e leopardos, e conectar populações isoladas da espécie para garantir sua sobrevivência.

Um estudo de 2023 descobriu que os leopardos de Java perderam mais de 1.300 quilômetros quadrados (500 milhas quadradas) de habitat de 2000 a 2020, com suas áreas de vida mais adequadas encolhendo em mais de 40%. Protetores enfatizam a necessidade de estudos detalhados de população e apontam que grande parte do habitat adequado está fora das áreas protegidas, destacando a necessidade urgente de melhores esforços de proteção.

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