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CATIVEIRO

Estudo reforça porque zoos e aquários fazem tão mal aos animais

Além das consequências emocionais, eles podem chegar a se machucar fisicamente

29 de fevereiro de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: Paul Korecky | Wikimedia Commons

Animais em cativeiro são conhecidos por exibir comportamentos estereotipados, como caminhar de um lado para o outro, associados ao estresse ambiental. Um grupo de pesquisadores da Faunalytics, uma ONG estadunidense que conduz estudos sobre animais, acompanhou 11 ursos polares em sete zoológicos diferentes para encontrar explicações sobre esse comportamento e mostrar porque viver em cativeiro faz tão mal para esses animais.

Todos os ursos polares analisados nasceram em cativeiro e eram conhecidos por caminhar em seus recintos. Uma extensa análise de imagens de vídeo tiradas durante o estudo os levou à conclusão de que, “na maioria das vezes, ao caminhar, o urso provavelmente está se desconectando de seu ambiente em algum grau, o que sugere que caminhar deve continuar a ser classificado como um comportamento anormal.”

As descobertas não são necessariamente surpreendentes, uma vez que estudos semelhantes foram conduzidos no passado, mas são importantes porque ajudam a validar o que as pessoas têm dito há anos. E é uma prova de que ambientes limitados podem ser estressantes para os animais.

Isso porque a vida em cativeiro nunca pode se comparar à vida na natureza. Na região ártica, onde esses animais vivem, os ursos polares passam o dia viajando ao longo do gelo marinho, um habitat que está encolhendo devido às mudanças climáticas, e caçando comida. Eles também são nadadores excelentes e estão preparados para suportar as temperaturas abaixo de zero.

Mas em cativeiro, um urso polar vive em um recinto ou área de exposição com uma piscina de natação de concreto. Em vez de vagar livremente no gelo marinho, eles são contidos na mesma área dia após dia, forçados a viver em climas que não imitam o que teriam na natureza. E em vez de caçar presas, esperam ser alimentados por humanos.

É a mesma triste história para todos os animais em cativeiro. Orcas são forçadas a viver em piscinas onde nadam em círculos, mas na natureza, elas cobririam mais de 160 quilômetros por dia. Elefantes vivem em espaços que são apenas um pequeno pedaço dos 48 quilômetros por dia que percorreriam na natureza.

Se os animais estão em gaiolas em um pequeno zoológico à beira da estrada ou em uma grande exposição com grama e árvores, ainda são incapazes de exibir totalmente comportamentos naturais, o que pode ter um impacto negativo e devastador em seu emocional.

Animais em cativeiro muitas vezes exibem comportamentos não naturais e repetitivos, como caminhar de um lado para o outro e balançar o corpo ou a cabeça. Outros podem infligir ferimentos por meio de excesso de cuidados pessoais ou automutilação resultante de morder a si mesmos ou itens em seu recinto. Esses comportamentos são definidos como “zoocose”, uma condição comportamental encontrada em animais que vivem em cativeiro capturada em inúmeros vídeos feitos tanto por especialistas comportamentais quanto por amadores.

Mas o estresse de estar em um recinto é apenas um fator contribuinte para seu sofrimento mental. Os animais em exibição muitas vezes são provocados por visitantes, incluindo crianças, que podem bater no vidro do recinto ou atirar objetos no recinto na tentativa de alimentar, entreter ou chamar a atenção do animal.

Eles são submetidos a ruídos altos, multidões e condições climáticas que podem não experimentar em seu ambiente natural. Então, enquanto as pessoas podem achar divertido visitar zoológicos e ver animais selvagens de perto, a triste realidade é que os animais estão sofrendo apenas para nos entreter.

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